Tem apenas 4 minutos e 33 segundos mas resume uma história com 15 anos que envolve valiosos terrenos no coração da capital. Produzido pela concelhia do PSD de Lisboa – numa altura em que os partidos políticos ligam os motores para as campanhas autárquicas do próximo ano – o vídeo foi postado no facebook da organização lisboeta dos social-democratas. Chama-se Parque Mayer: Há anos que se perdeu nesta história? Nós contamos-lhe como tudo se passou! e faz o levantamento dos principais acontecimentos relacionados com a “Broadway à portuguesa”.
O vídeo começa por lembrar a venda, em 1999, dos terrenos do Parque Mayer à Bragaparques, detida pelo empresário Domingos Névoa. Na posse da Câmara Municipal de Lisboa, os terrenos foram transacionados durante a presidência de João Soares, por 13 milhões de euros.
Em 2003, Pedro Santana Lopes concretiza uma permuta entre os terrenos do Parque Mayer e parte dos da Feira Popular, no Campo Grande. O então presidente da autarquia encomenda um projeto a Frank Gehry, autor, entre outras obras, do museu Guggenheim, em Bilbau, Espanha.
A novela podia acabar por ali, não fosse a tragédia um desígnio da política nacional. Quando se concretiza a permuta dos terrenos, o projeto acaba em tribunal. Carmona Rodrigues, que presidira à autarquia após Pedro Santana Lopes a abandonar para formar governo, é constituído arguido. Será absolvido, pela segunda vez, em 2014, de qualquer responsabilidade criminal relacionada com o negócio com a Bragaparques.
Em 2014, a Câmara volta a comprar à Bragaparque os terrenos cuja permuta foi anulada pelo tribunal. O executivo de António Costa paga 101 milhões pelos terrenos. Ao arquiteto Aires Mateus é pedido outro projeto para o parque Mayer, apesar do de Frank Gehry, um dos mais cotados arquitetos do mundo, se manter na gaveta e ter custado 2,5 milhões de euros.
Mas o conflito com Domingos Névoa não fica sanado: em tribunal arbitral, o empresário exige à Câmara o pagamento de 350 milhões de euros, por lucros que afirma ter perdido. Este ano, o tribunal deu razão à empresa e decidiu o pagamento de uma indemnização de 138 milhões de euros.
O vídeo do PSD conclui: graças às “trapalhadas” de João Soares, António Costa e Fernando Medina, os lisboetas podem ter de pagar quase “300 milhões de euros e continuam sem Parque Mayer nem Feira Popular”. A campanha vai mesmo aquecer.