A líder da bancada parlamentar da Renamo desafiou hoje Marcelo Rebelo de Sousa, a ajudar no conflito entre a Frelimo e o maior partido da oposição. Respondendo às declarações do Presidente, que ontem disse que Portugal só poderia ajudar se fosse convidado para tal, Ivone Soares disse que “quando um parente está a passar por uma situaçao, por uma mazela, nós nao precisamos de convite para ir lá ajudar. E o Presidente de Portugal é este parente, este amigo de Moçambique, este amigo dos moçambicanos, que tem portas abertas aqui.”
O apelo da Renamo surge num momento complexo e delicado, num Moçambique que vive não só uma crise política, mas também um conflito militar, caracterizado por atos de violência, sobretudo no centro do País. Neste contexto, Ivone Soares diz que “sabendo [o PR] que há esse conflito político-militar, decorrente da não aceitação, da nossa parte, do resultado forjado das eleições gerais [de outubro de 2014], é de todo o interesse Portugal, os portugueses e o Presidente em particular, possam ajudar os moçambicanos a encontrar um meio termo para esta situação.”
No entanto, refere ainda, esta ajuda tem “um risco”. Recordando os “anos de colonizaçao”, alerta para que Portugal possa ser “acusado de se querer imiscuir nos assuntos internos de Moçambique, uma ex-colónia, mas eu penso que essas más línguas que possam tentar usar isso para inviabilizar um papel preponderante que Portugal tenha, fazem-no com esse interesse de ter Portugal a distanciar-se do assunto.”
Ivone Soares falou aos jornalistas na Assembleia da República, que Marcelo Rebelo de Sousa foi visitar durante a manhã, a convite da segunda figura do Estado Moçambicano, e onde teve oportunidade de se encontrar com os líderes das bancadas parlamentares.
Marcelo Rebelo de Sousa recebeu, mais tarde, uma delegação da Renamo, que lhe transmitiu a sua análise da situação política, económica e financeira de Moçambique e ainda uma mensagem escrita de Afonso Dhlakama.
No final do encontro, o Presidente congratulou-se por ter encontrado quatro pontos de convergência entre as posições expressas pela Renamo e pela Frelimo. O mais importante “é começar por encontrar aquilo que os une”. E do que Marcelo ouviu de Filipe Nyusi, ontem, e de Ivone Soares, hoje, Renamo e Frelimo estão unidos na “ideia de que a paz é uma prioridade para o futuro de Moçambique”, na “preocupação com a situação económica, financeira e social, quanto à urgência de haver aproximação de pontos de vista e quanto à vontade de haver essa aproximação”.