Eram 10 e 24. A emissão de aniversário das Manhãs da Comercial, que emitia a partir do Porto desde as sete da manhã, acabava daí a 36 minutos. Pedro Ribeiro diz aos ouvintes que tem Marcelo Rebelo de Sousa ao telefone, pronto para entrar em direto.
Há já alguns minutos que brincava com o facto de estarem ambos (ele, com a sua equipa, e o Presidente, com a sua comitiva) na cidade do Porto. O Presidente “soube que as Manhãs da Comercial vinham ao Porto e não pode ver nada. E portanto vem ao Porto também”, gracejava.
Quando se estabelece a ligação, dispara: “É uma honra incrível!”. Vanda Miranda, sua colega das Manhãs, declara: “O meu coração falhou um batimento…!” Ao longe, uma voz (de Vasco Palmeirim) graceja: “Senhor Presidente, qual é que é a frase?”. Mas as condições técnicas em que se realizava a chamada eram péssimas. Do outro lado, Marcelo tinha dificuldade em ouvir o que lhe diziam. Por isso, em vez de entrar na brincadeira, foi direito ao assunto: “muitos parabéns, por mais um aniversário.”
E passou a contar que tem uma ligação especial com aquela radio, que comemora hoje 37 anos: “é uma estação que me diz muito, porque trabalhei nessa estação. Tive [durante mais de um ano] um programa já há muitos muitos muitos anos”. Era “Um minuto antes da meia noite”.
No fim, a equipa radiofónica garantia que era mesmo “o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Sua Excelência o Presidente.” E não “um imitador.”
Era mesmo. Durante a pré-campanha para as eleições presidenciais, Pedro Ribeiro teve um problema na fronteira com a Macedónia e quem lhe valeu foi Marcelo Rebelo de Sousa e o seu amigo António Guterres (ainda Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados), que o ajudaram a desbloquear a situação. Ao saber que Marcelo e as Manhãs da Comercial estariam no Porto no mesmo dia, Pedro Ribeiro tratou de convidar o Professor a aparecer na Estação de Metro da Trindade, local onde decorria o programa e que fica a dois passos da Câmara Municipal, onde Marcelo começava o dia. Por razões logísticas e de segurança, não foi possível. Convidou-o, depois, a ir ao concerto da Comercial, à noite, mas a agenda presidencial não o permitia. Então, a meio do programa, lembrou-se dessa ferramenta fantástica que é o telefone.
Pelas 9 e 30, Pedro mandou uma mensagem escrita a um assessor do Presidente. Pouco mais de uma hora depois, estabeleceu-se a ligação. E a Comercial teve uns parabéns presidenciais.