“Estou velho para isto”, disse Marcelo Rebelo de Sousa quando chegou ao palanque onde, minutos antes, tinham falado Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel. Nada mais errado. O antigo presidente do PSD não demoraria muito tempo a demonstrar que não perdeu o jeito para inflamar um congresso. E discursou durante uma hora.
Optando por um monólogo emotivo e contando episódios curiosos e inéditos sobre os primeiros tempos do PSD – de arrombamentos com chaimites emprestadas a comunicados escritos em velhinhas Olivetti -, o ex-líder rapidamente se tornou no participante mais aplaudido e mais divertido da noite. Contou que estava no avião, vindo do Funchal, quando decidiu vir ao Coliseu por “razões afetivas”, apesar de alguns amigos lhe dizerem que era melhor ficar em casa.
Marcelo falou sobre quase tudo o que lhe ia na alma. Chamou “irritante” ao primeiro-ministro, defendeu o improviso de consensos no pós-troika, criticou as hesitações de Seguro, apelou Rangel de “homem excecional” e lembrou que “os líderes passam, mas os partidos ficam”. Só não falou do que se esperava que quisesse falar: as eleições presidenciais e a sua eventual candidatura.
Acabou por marcar presença, sem assumir que estava a “fazer-se ao piso”, e levou a sala ao rubro quando disse, para bom entendedor, que “as continuidades são muito fortes, mesmo quando as ruturas são grandes”.