O chefe do governo português falava aos jornalistas na embaixada portuguesa em Paris, antes de participar esta tarde na segunda conferência europeia sobre o emprego jovem.
Questionado pelos jornalistas sobre se mantém a confiança em Rui Machete, Pedro Passos Coelho respondeu: “Essa questão não está em cima da mesa”.
Mais à frente, questionado novamente sobre os 4,5% de taxa de juro referidos por Machete como condição essencial para Portugal evitar um segundo resgate, Pedro Passos Coelho desvalorizou.
“Terá ocasião de perguntar ao senhor ministro, isso não tem para mim nenhuma relevância maior”, disse.
Já sobre as taxas de juro para o regresso de Portugal aos mercados, o primeiro-ministro considerou que “não há números mágicos nessa matéria”.
“Estamos a fazer um caminho que é importante, desde janeiro de 2012, onde atingimos um pico em matéria de taxas nos diversos prazos que tem vindo a declinar desde então, felizmente esse processo foi retomado, foi um pouco perturbado durante o verão, mas foi agora retomado, a tendência portanto tem sido em todos os prazos para que as taxas de juro venham a baixar para níveis que possam ser considerados sustentáveis para futuro”, declarou Passos.
Neste contexto, o primeiro-ministro defendeu ser muito importante “prosseguir com a execução do Orçamento do Estado” para 2014, até porque, considerou, “há alguma indefinição quanto à [sua] exequibilidade” e isso pode “alimentar alguma incerteza que não ajuda a uma descida mais pronunciada das taxas”.
Pedro Passos Coelho apontou contudo que “muito recentemente uma das agências de ‘rating’ veio no final da semana passada fazer afirmações que são muito importantes no andamento da economia portuguesa, valorizando os resultados económicos” mais recentes e “anunciando mesmo que do seu ponto de vista está fora de causa qualquer reestruturação da dívida portuguesa”.
“Há uma confiança grande quanto à nossa capacidade de cumprir, é isso que eu hoje quero aqui sublinhar, porque o mais importante é insistir na necessidade de podermos manter este rumo de exigência orçamental, sem o qual não conseguiremos mostrar capacidade para reduzir a dívida e também a incerteza quanto à nossa capacidade de crescer no futuro”, sustentou.
Já questionado sobre se este tipo de declarações, tal como a crise política de julho passado, contribuem para degradar a situação externa de Portugal, Passos considerou que “são coisas muito diferentes”.
“Não queremos que haja da política portuguesa qualquer perceção de crise política e não há nenhuma razão para que essa perceção exista. Eu não vou insistir, não levem a mal, eu não vou insistir nessa matéria, quero apenas dizer que o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros acentuou no seu discurso a confiança que o Governo tem quer quanto ao caminho traçado para obtermos taxas de juro mais favoráveis, e temo-las tido, esse caminho está a ser prosseguido com confiança e há um momento que é muito positivo de inversão de tendência e de clima”, afirmou.
Perante a insistência dos jornalistas sobre se a declaração do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros foi um erro, Passos Coelho repetiu: “Não insista nas questões sobre o senhor ministro, o senhor ministro tem vindo a desempenhar a sua função com a minha confiança e isso é tudo aquilo que é importante”.