“Socras, faz um favor a Portugal e entra em contramão na A1”. A frase é de raiva e viu-se hoje num cartaz durante o protesto da Geração à Rasca, em Leiria. A classe política e a corrupção foram os grandes alvos das centenas de pessoas, de várias gerações, que se juntaram ao protesto.
Confinados ao Largo Goa, Damão e Dio (mais conhecido por Fonte Luminosa) por não terem autorização do Governo Civil para marcharem pelas ruas, os manifestantes transformaram um megafone no seu “muro das lamentações”.
Ele andou de mão em mão e amplificou as histórias pessoais; a de uma mulher de 40 anos que acabou de perder o emprego por falência do supermercado onde trabalhava; a de um operário que suou toda a vida para que os dois filhos se licenciassem – acabando ambos no desemprego; a de um professor de Matemática, com 36 anos, que há onze é precário ao serviço do Estado…
Junto às estátuas de um casal que representa os rios Lena e Lis, gritou-se contra os “palhaços do Governo” e entoaram-se palavras de ordem como “Abaixo as reformas milionárias” ou “Temos opinião, não nos calarão”. Mas eram os cartazes que acabavam por resumir o estado de alma dos manifestantes.
Um deles também interpelava o primeiro-ministro, mas desta feita sem raiva. Dizia apenas: “Sócrates, tenho fome”. Outro mostrava bem a posição do País perante a atual situação económica: “Estou entre o défice e a parede”. Com o FMI à espreita.