Foi entre copos dourados, muitos talheres e vinho português da Cartuxa que decorreu o banquete de Estado que o presidente José Eduardo dos Santos ofereceu à comitiva lusa, recém-chegada a Luanda. Quem imaginava uma sala enorme cheia de gente faustosamente vestida foi ao engano. No Palácio Presidencial angolano, que é tão cor de rosa como o português, os convidados chegaram sem grandes atrasos para ouvir a música do piano colocado a um canto da sala e para assistir ao momento simbólico dos brindes que deram início à refeição.
À entrada para a sala do banquete, impecavelmente remodelada e cuidada, o papa Bento XVI assistia, no sossego de uma fotografia, ao desfilar dos governantes e assessores.Os discursos dos dois chefes de Estado passaram em direto na televisão estatal de Luanda, como vem sendo hábito.
Primeiro falou José Eduardo dos Santos, para lamentar que “nunca se tenham concretizado as promessas feitas pelos países mais desenvolvidos na ajuda à reconstrução de Angola”. Exceptuou Portugal das suas críticas, lançando números positivos sobre as relações entre os dois países. “Não é casual que estejam instaladas em Angola mais de duas mil empresas portuguesas. E que Angola seja o quarto principal cliente de Portugal e o terceiro país com maiores investimentos bolsistas em Lisboa, logo após Itália e Espanha”, lembrou.
Seguiu-se Cavaco Silva com uma intervenção acalorada sobre a sua amizade para com os angolanos e sobre como se sente em casa quando visita o país. Apelou à aposta na diversificação dos investimentos, por parte dos empresários portugueses que trouxe na comitiva, e na ajuda que todos eles podem prestar no combate à desertificação do interior. Essa é uma bandeira do PR português, porque é também uma prioridade em Luanda.Quanto ao brinde, e apesar de o banquete nada ter tido de excessos, foi feito com Möet et Chandon.