Em declarações hoje à agência Lusa, o vice-presidente da Câmara de Ponte de Lima, Paulo Sousa, explicou que o acolhimento dos jovens atletas surgiu na sequência de um pedido do vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Ernesto Pereira, para o acolhimento daqueles atletas.
Segundo Paulo Sousa, que também é responsável pelo pelouro do Desporto, “a partir do contacto de Ernesto Pereira, que também integra a direção do Clube Náutico de Ponte de Lima, foram feitos todos os esforços para que esses jovens pudessem ser integrados na comunidade local e treinar” no mesmo clube onde foi formado, Fernando Pimenta, canoísta medalhado de bronze em Tóquio2020, atual atleta do Benfica, natural daquele concelho do distrito de Viana do Castelo.
Os jovens atletas são treinados por Tetyana Semykina, a medalha de bronze, em K-4 500, nos Jogos Olímpicos de Atenas, Grécia, em 2004, que integra o grupo de 35 refugiados ucranianos acolhidos pelo concelho, 22 crianças e jovens e 13 mulheres, mães de alguns dos atletas.
“Os pais de alguns atletas não conseguiram sair da Ucrânia por desempenharem funções na área da proteção civil e, por esse facto, assinaram um termo de responsabilidade para deixar sair os filhos. A Câmara de Ponte de Lima foi buscá-los a Lisboa e a Braga”, especificou.
Contactado pela Lusa, o vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Ernesto Pereira explicou que a oportunidade surgiu através de um atleta ucraniano, que no passado treinou em Ponte de Lima e, na altura, gostou das condições do Centro Náutico de Ponte de Lima.
“Mantivemos contacto ao longo dos anos e, quando começou a guerra, falei com ele sobre a eventualidade de podermos ajudar pessoas que quisessem vir para Portugal. Foi aí que surgiu a oportunidade e, com o apoio da câmara conseguiu-se acolher estes jovens canoístas em Ponte de Lima”, explicou.
Ernesto Pereira adiantou que a ex-canoísta ucraniana Tetyana Semykina, de 49 anos, é a treinadora deste grupo de atletas, onde se inclui a própria filha, de 14 anos, campeã ucraniana da modalidade.
“O marido, também ligado à canoagem e, o filho, campeão do mundo de canoagem em K4, tiveram de ficar na Ucrânia, devido à lei marcial”, especificou Ernesto Pereira.
Segundo Ernesto Pereira “há a possibilidade de chegar mais um grupo de atletas, que ficarão instalados no município de Arcos de Valdevez. O objetivo é estabelecer um protocolo para que esses atletas possam treinar no Clube Náutico de Ponte de Lima”.
O vice-presidente da câmara explicou que o acolhimento foi formalizado através de um protocolo aprovado na última reunião camarária e firmado com a Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, que disponibilizou o espaço onde estão instalados.
O município “assegura os encargos com a alimentação, água, luz, gás e materiais de limpeza”, sendo que a Santa Casa, através da sua equipa de técnicos, presta o apoio psicológico e social aos refugiados”.
O município “dispõe ainda de uma equipa que está a dar resposta a estes refugiados, quer no apoio à integração na vida escolar, sendo que uma menina já está a ter aulas numa escola do concelho, e os restantes alunos vão começar as aulas, no terceiro período escolar, a partir do dia 19”.
Segundo Paulo Sousa, “estão identificadas 30 ofertas de emprego que estão a ser divulgadas junto das mulheres que integram este grupo, para entrarem no mercado de trabalho”.
Além do “grupo de 35 ucranianos, mais vocacionados para a atividade náutica, há mais 30 refugiados, organizados por famílias, que estão alojados em casas particulares, unidades hoteleiras”.
“Estamos a integrar as crianças nas escolas do concelho, desde o pré-escolar ao ensino secundário e a tentar, através da procura ativa de alojamento para arrendar, para que essas pessoas possam ser integradas de forma mais autónoma”, referiu.
À Lusa, o provedor da Santa da Misericórdia de Ponte de Lima, Alípio de Matos, disse que o grupo de 35 ucranianos está instalado num antigo lar que acolhia jovens.
Alípio de Matos explicou que, “na próxima semana, as técnicas da instituição vão ajudar as mulheres, com formação académica, a entrar em contacto com as empresas que disponibilizaram vagas, postos de trabalho identificados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)”.
Adiantou que barreira da língua é ultrapassada com a ajuda de uma ucraniana que reside em Ponte de Lima desde 1999.
“Outras vezes é através do google tradutor, ou de uma aplicação, que basta falarmos e faz tradução automática. Não há nada que não se resolva”, afirmou o provedor.
ABC//LIL