Dmitry Medvedev, antigo presidente da Rússia e um aliado de Putin, afirmou que um dos objetivos da Rússia é criar uma “eurásia de Lisboa a Vladivostok”, a cidade russa do extremo leste onde termina a ferrovia Transiberiana. Através da rede social Telegram, Medvedev sugeriu que é também um objetivo de Moscovo promover “a paz das futuras gerações de ucranianos”.
“O presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu firmemente a meta de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. Estas tarefas complexas não acontecem todas de uma vez. E serão decididas não apenas nos campos de batalha”, lê-se. “Mudar a consciência sangrenta e cheia de falsos mitos de uma parte dos ucranianos de hoje é o objetivo mais importante. O objetivo é a paz das futuras gerações de ucranianos e a oportunidade de finalmente construir uma Eurásia aberta – de Lisboa a Vladivostok”, escreveu.
O ex-presidente russo também repetiu as afirmações de Putin sobre os nazis na Ucrânia, afirmando que a população está a rezar por um Terceiro Reich [Alemanha sob o controlo de Hitler] há trinta anos”. Dmitry Medvedev, classifica como “repugnantes” as imagens captadas pelos soldados russos dos símbolos nazis “encontrados em quase todas as unidades militares da Ucrânia”.
Segundo o antigo presidente, os acontecimentos da maternidade de Mariupol e o massacre em Bucha “são falsificações amadurecidas na imaginação cínica da propaganda ucraniana”. “Numerosas agências de relações públicas, ‘fábricas de trolls’ administradas por governos ocidentais e as suas ONG, cozinham [propaganda] por enormes quantias de dinheiro”, escreveu ainda Medvedev.
“No dia a dia, as notícias sobre “histórias de terror” e “superações” estão a tornar-se cada vez mais ilusórias”, acrescentou ainda.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.