Desde que começou a guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro, esta é a primeira missão tripulada à Estação Espacial Internacional. A Soyuz que transportou o comandante Oleg Artemyev e os engenheiros espaciais Sergey Korsakov e Denis Matveev desde a base russa de Baikonour, no Cazaquistão, até à EEI acoplou, três horas depois, na sexta-feira à tarde. A bordo, o momento foi de alegria e surpresa: os três cosmonautas emergiram da sua cápsula envergando fatos com as cores da bandeira da Ucrânia.
No dia 30 deste mês, o astronauta americano Mark Vande Hei e dois cosmonautas Anton Chkaplerov e Pïotr Doubrov, regressam à Terra, o que deixará a EEI, pela primeira vez em 22 anos, com uma tripulação exclusivamente russa.
Há uma semana, o chefe da agência espacial russa Roscosmos exigiu o levantamento das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia na sequência da invasão à Ucrânia, alegando que aquelas poderiam levar à queda DA EEI.
Dmitri Rogozine alegava que o funcionamento das naves russas que abastecem a EEI vai sofrer com as sanções, afetando, por isso, o segmento russo da estação, responsável pela correção da órbita da estrutura. Em consequência, isso poderá levar “à ‘aterragem’ da EEI, que pesa 500 toneladas”, argumentou. “O segmento russo garante que a órbita da estação seja corrigida, em média 11 vezes por ano, incluindo para evitar os detritos espaciais”, disse Rogozine, que expressa regularmente nas redes sociais apoio ao exército russo, envolvido na invasão da Ucrânia.
Num mapa mundial, em que mostrou o local onde a estação pode cair, o chefe da Roscosmos adiantou que a Rússia não corre perigo. “Mas populações de outros países, nomeadamente aqueles dirigidos pelos ‘cães de guerra’ [numa referência aos países ocidentais] deviam refletir no preço das sanções contra a Roscosmos”, escreveu Rogozine, que apelidou os responsáveis pela imposição de sanções de “loucos”. Rogozine anunciou igualmente que Moscovo vai deixar de fornecer aos Estados Unidos motores para os foguetões norte-americanos Atlas e Antares.
A 1 de março, a agência espacial norte-americana fez saber que está a trabalhar em soluções para manter a EEI em órbita sem a ajuda da Rússia.