Propriedades de Airbnb têm sido reservadas por toda a Ucrânia com o objetivo não de viajar até ao país, agora sob ataque russo, mas de doar diretamente dinheiro aos seus anfitriões, vítimas da guerra.
A criativa forma de fazer doações ganhou popularidade depois de um tweet feito pelo usuário @quentquarantino que sugeria que os utilizadores de Airbnb utilizassem as potencialidades da aplicação para doar dinheiro diretamente ao povo ucraniano. A sugestão veio acompanhada de alguns prints de mensagens de agradecimento de anfitriões ucranianos que receberam dinheiro por alojamentos que nunca seriam ocupados.
Numa das mensagens é possível ler: “Estou a chorar neste momento!!!!! Estou chocada!!!!! Estou incrivelmente agradecida pelo teu apoio!!!! Não tenho palavras!!!!”. Como esta também as outras imagens incluem os obrigados efusivos dos anfitriões. Alguns admitem, inclusive, ter-se emocionado com o apoio recebido e numa das respostas fica a promessa do anfitrião de usar a doação recebida “para caridade”, disponibilizando o seu apartamento para “acomodações grátis dedicadas a quem perdeu a sua casa”.
Entre dois e três de março hóspedes de todo o mundo reservaram mais de 61 mil noites na Ucrânia, segundo um tweet do CEO da Airbnb, Brian Chesky. Estas reservas traduzem-se num total de 1,9 milhões de dólares – mais de 1,7 milhões de euros – diretamente doados aos muitos anfitriões por toda a Ucrânia. Também o anúncio de Chesky se deixa acompanhar de uma troca de mensagens entre hóspede e anfitrião que termina com um agradecimento: “Muito obrigado! Isto era o que a nossa família precisava agora! Obrigado”.
Alguns conselhos para quem quer doar
A comunidade de doadores online que tem usado esta nova e criativa forma de ajudar refugiados ucranianos está a crescer e nas redes sociais têm sido partilhados alguns conselhos para quem está agora a pensar começar a usar esta estratégia de doação. Vários apelos têm sido feitos para que as pessoas façam as suas reservas nas datas mais próximas possíveis para garantir que os anfitriões recebem as taxas rapidamente. Isto porque, de acordo com as políticas da Airbnb, o pagamento será enviado “aproximadamente 24 horas após o check-in do hóspede”.
Outra das chamadas de atenção feitas passa por assegurar que as reservas são feitas em propriedades geridas por indivíduos e não empresas, garantindo assim que o dinheiro é direcionado a vítimas da guerra.
Algumas pessoas têm também levantado preocupações sobre a possibilidade de serem criados Airbnbs falsos que finjam estar localizados na Ucrânia para que possam receber doações. Posto isto, e uma vez que se pode tratar de uma ameaça real, torna-se importante analisar cuidadosamente as propriedades registadas garantindo que têm componentes que possam assegurar a sua veracidade como avaliações e comentários.
Política de acolhimento de refugiados
Um dos porta-voz da Airbnb, Haven Thorn, agradeceu, em resposta à CNN, à comunidade de doadores que tem usado a sua plataforma como meio de ajuda aos ucranianos. “Estamos muito lisonjeados com a generosidade inspiradora da nossa comunidade durante este momento de crise”, referiu. A Airbnb já confirmou, numa publicação na conta de Twitter oficial da empresa, que está a “suspender todas as taxas de hóspedes e anfitriões em todas as reservas na Ucrânia neste momento”, garantindo, com isso, que a totalidade do dinheiro chega aos anfitriões.
A empresa já se demonstrou, no passado, preocupada com a problemática dos refugiados e, desde de 2012, que opera uma iniciativa nomeada Open Homes que, através de uma parceria com os anfitriões que desejem participar, tem o objetivo de “oferecer alojamento em situações de emergência, como desastres naturais e a pandemia de COVID-19”, como se pode ler no seu site.
A iniciativa foi responsável por, durante o ano de 2021, oferecer casa a mais de 20 mil afegãos na sequência do ataque Talibã no país.
Hoje, a empresa apela a que anfitriões de todo o mundo se unam para oferecer casa aos refugiados ucranianos. No seu site, a Airbnb explica as etapas para oferecer alojamento a refugiados e ainda formas de doar dinheiro.
Palavras amigas também contam
Nas redes sociais têm surgido muitos prints que mostram as respostas de agradecimento dos anfitriões ucranianos. Sarah Brown, uma das muitas pessoas que reservou um Airbnb na Ucrânia admitiu, em resposta ao Today, estar ansiosa para poder doar outra vez. “É uma forma de dar dinheiro e dá-lo diretamente a uma pessoa agora”, disse.
Numa publicação no Twitter, Brown partilhou a troca de mensagens que teve com a sua anfitriã, seguindo uma tendência que tem levado muitos outros doadores a partilharem as suas interações com os seus anfitriões ucranianos.
Volodymyr Bondarenko, um anfitrião que se encontra na cidade de Kiev e que viu a sua propriedade ser muitas vezes reservada desde o começo da guerra disse, em resposta à CNN que além do apoio monetário, também as mensagens e palavras de apoio eram muito importantes.
Além das iniciativas levadas a cabo pela empresa, o CEO da Airbnb anunciou também, num tweet, que a empresa vai “suspender todas as suas operações na Rússia e Bielorrússia”.