Passaram já 30 anos. A nacionalidade dele era inglesa. A sua ascendência, pelo nome, era de muito longe dali, de um país báltico. Estávamos em Londres, na Chatham House, o instituto britânico de relações internacionais, num intervalo para café, durante um seminário em que se discutia algo que tinha que ver com o fim da União Soviética, que tinha ocorrido poucos meses antes. Era o primeiro semestre de 1992.
“Eles não vão esquecer. E vão voltar, mais violentos do que antes. Nós conhecemo-los bem.” O meu interlocutor não tinha ilusões quanto aos russos. “Moscovo”, para ele, era o poder que tinha esmagado a sua nacionalidade originária. Uma coisa tinha ele por certo: a nova Rússia nunca seria democrática, por muito que tentasse fazer passar-se por isso. E olharia sempre para a sua periferia com um misto de arrogância, de desconfiança e desejo de fazer voltar as coisas atrás.