O arquipélago francês de Mayotte, no oceano Índico, foi devastado este fim de semana pelo ciclone tropical Chido. François-Xavier Bieuville, delegado do Governo francês em Mayotte, disse ao canal público de televisão local Mayotte la 1er que apesar de ser “muito difícil” fazer um balanço final dos estragos provocados pelo Chido, acredita o número de mortos será de várias centenas, “talvez próximo de um milhar, vários milhares”.
O ciclone tropical atravessou o sudeste do Oceano Índico esta sexta-feira e atingiu, no passado sábado, Moçambique, onde também deixou um rasto de destruição, como cortes de eletricidade e, pelo menos, uma morte. Em Mayotte foram registados ventos de mais de 225 km/h, que arrasaram povoações inteiras e afetaram sobretudo a população mais pobre e que habita em “bairros de lata”. De acordo com o Ministério do Interior da população total na ilha – cerca de 320 mil habitantes – mais de 100 mil habitantes são ilegais, o que está a dificultar a contagem completa do número de mortos.
A maioria das infraestruturas do arquipélago encontra-se inacessível, incluindo várias estradas e o aeroporto internacional de Mamoudzou. O sistema de saúde foi gravemente afetado e encontra-se “muito degradado com um hospital muito destruído e centros médicos igualmente inoperantes”. “O hospital sofreu danos significativos de água e também degradação, nomeadamente nas áreas de cirurgia, reanimação, urgência, maternidade, partes essenciais do funcionamento do hospital”, explicou Geneviève Darrieussecq esta segunda-feira, em declarações ao canal France 2.
A ministra da Saúde francesa mostrou-se preocupada com a situação, mas garantiu que o equipamento já se encontra a funcionar. “Apesar de tudo [o hospital] continua a funcionar ainda que de forma precária”, disse a governante.
Segundo as autoridades francesas, estão a ser transportados para a ilha – por via aérea – material e equipamento de socorro. “Os primeiros aviões de intervenção chegaram a Mayotte para prestar ajuda de emergência face aos danos causados pelo ciclone. O Estado está totalmente mobilizado para apoiar os habitantes de Mayotte nesta provação”, disse o ministro francês da Segurança Interna, Nicolas Daragon, numa publicação na rede social X.
Marcelo Rebelo de Sousa já transmitiu as condolências e solidariedade ao Presidente francês pelas vítimas e desalojados pelo ciclone Chido. “O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa enviou ao Presidente Emmanuel Macron uma mensagem de condolências e profunda solidariedade pelas consequências devastadoras provocadas pelo ciclone que afetou as ilhas Mayotte, que resultaram na perda de numerosas vidas humanas e pessoas desaparecidas, desalojados e significativos prejuízos materiais”, pode ler-se numa nota do Presidente português.
Caso se confirmem o número de mortos, este ciclone ficará na história como uma das piores catástrofes naturais deste século em território francês. O Chido já foi considerado pelos meteorologistas como o ciclone mais violento dos últimos 90 anos a atingir a região.