O governo britânico pode estar a ponderar a hipótese de passar a proibir a venda de smartphones a jovens com menos de 16 anos, uma medida que pode vir a ser implementada depois de várias sondagens terem revelado um apoio muito significativo por parte dos britânicos.
Por exemplo, um inquérito realizado em março a quase 2500 pais de crianças em idade escolar revelou que 58% consideram que o governo devia proibir os smartphones a menores de 16 anos, e mais de quatro em cada cinco pais ingleses afirmaram que os smartphones são “prejudiciais” para as crianças e os jovens.
Em julho do ano passado, a UNESCO alertou para o facto de menos de um em quatro países ter legislação sobre o uso de telemóveis dentro das escolas ou políticas que proíbam estes aparelhos em contexto escolar. De acordo com esta organização das Nações Unidas, o uso de aparelhos móveis pode conduzir a distrações, colocar em perigo a privacidade dos alunos e levar a mais casos de ciberbullying.
No Reino Unido, apesar da proposta do anterior secretário da Educação, Gavin Williamson, de banir os telefones nas escolas, o Departamento de Educação emitiu orientações no sentido de dar autonomia aos diretores das escolas para decidir sobre a proibição ou autorização destes aparelhos.
Já há cerca de dois meses, o governo publicou um conjunto de diretrizes acerca da utilização de telemóveis nas escolas inglesas, mas agora pode ir mais longe na tentativa de restringir o uso dos telemóveis pelos mais novos.
Um outro inquérito realizado em Inglaterra demonstrou que 64% das pessoas consideravam que a proibição da venda de smartphones a menores de 16 anos seria uma boa ideia para controlar o seu uso nas crianças (apenas 20% referiram que esta seria uma má solução).
Contudo, o governo ainda não confirmou a implementação desta medida. “O nosso compromisso de tornar o Reino Unido o lugar mais seguro para uma criança online é inabalável, como demonstra a nossa lei de segurança online”, afirmou um porta-voz do governo britânico, acrescentando, contudo, que não iria comentar “especulações”.
Esta ideia criou já algum desconforto no próprio partido conservador, com uma fonte a descrever, citada pelo The Guardian, a ideia como “desfasada” da realidade e a referir que “o papel do governo não é intervir e “microparentalizar””, mas sim “tornar os pais mais conscientes dos poderes que têm, como restrições a certos locais na Web, aplicações e até a utilização de aplicações de controlo parental”.