O porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, anunciou hoje a viagem de três dias, durante a conferência de imprensa habitual do executivo, na qual sublinhou que o programa exato de Scholz ainda está a ser “intensamente” elaborado.
Um encontro com Xi, na terça-feira, dia 16, já está agendado e, mais tarde, com o primeiro-ministro, Li Qiang, com quem participará nas consultas do Comité Consultivo Económico Sino-Alemão.
Hebestreit, que se recusou a comentar se Scholz considera Xi um ditador, como a sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, tinha afirmado no ano passado, disse que a Alemanha adota uma abordagem “tripla” em relação a Pequim.
Por um lado, a China e a Alemanha são concorrentes e rivais que têm de viver lado a lado e, por outro, são parceiros.
“A China é uma potência importante, também nas questões geopolíticas, a começar pelo conflito na Ucrânia, mas também no Mar da China Meridional ou no Pacífico, e nas suas discussões com os Estados Unidos”, afirmou o porta-voz.
“Tudo isto será certamente abordado pelo chanceler nas suas conversações” com Xi e Li, afirmou.
Hebestreit lembrou que Scholz sempre disse que não pode haver dissociação da China da economia mundial, mas que a Alemanha deve diversificar a sua economia para além do mercado chinês, razão pela qual o chanceler viajou recentemente para o Vietname, Singapura e Indonésia.
Scholz já visitou Xi em novembro de 2022, o que faz dele o primeiro líder europeu a ver pessoalmente o Presidente chinês em mais de dois anos.
Nessa reunião bilateral, que fazia parte de uma viagem muito mais curta, tanto o chanceler alemão como o Presidente chinês condenaram a ameaça de armas nucleares na Ucrânia.
De acordo com meios de comunicação social como o Financial Times, em março de 2023, Xi acabou por avisar pessoalmente o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscovo, contra a utilização de armas nucleares na Ucrânia.
A visita de Scholz ocorre poucos dias depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, ter visitado Pequim, um dos aliados mais próximos de Moscovo.
A Alemanha não espera qualquer mudança de posição da China, que na altura apresentou uma iniciativa de paz que não agradou nem ao Ocidente nem à Ucrânia, mas Berlim espera que Pequim “exerça a sua influência sobre a Rússia para contribuir para uma solução pacífica do conflito na Ucrânia”.
O chefe do Governo alemão viajará sozinho para a China, mas em Pequim terá a companhia do ministro da Agricultura, Cem Özdemir, da ministra do Ambiente, Steffi Lemke, e do ministro dos Transportes e dos Media Digitais, Volker Wissing.
A viagem acontece numa altura em que a Comissão Europeia está a investigar os subsídios aos carros elétricos chineses e no contexto de um debate sobre possíveis tarifas, contra as quais Scholz já se pronunciou, recordou Hebestreit.
Scholz, que será também acompanhado por uma delegação de empresários, deslocar-se-á à cidade central chinesa de Chongqing, onde vivem cerca de 33 milhões de cidadãos, antes de aterrar em Pequim no domingo, onde visitará uma fábrica de uma empresa alemã dedicada à produção de propulsores de hidrogénio sustentáveis.
Na segunda-feira, dia 15, o chanceler alemão estará em Xangai, onde visitará uma empresa alemã de plásticos que trabalha com tecnologias verdes e sustentáveis e fará um discurso numa universidade, seguido de um debate.
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