Em plena greve de professores, a manifestação percorreu cerca de um quilómetro e meio da Praça da Cultura, nos arredores do Arquivo Histórico de São Tomé, à Praça Yon Gato, perto do gabinete do primeiro-ministro, Patrice Trovoada.
Os professores vestiram-se de preto e empunharam cartazes com palavras de ordem como “Sem educação não há nação”, “Classe docente exige respeito”, “Chega de humilhação”, “Trabalho digno”, “Salário digno”, “Chega de exploração”.
“Estamos contentes. Pelo menos conseguimos com que os professores saíssem às ruas e demonstrassem a sua indignação”, disse Vera Lomba, porta-voz da intersindical que congrega os quatro sindicatos de professores são-tomenses.
“Os professores que continuam indignados com o que o Governo quer oferecer”, sublinhou.
Durante a manifestação os professores também responderam ao primeiro-ministro quando referiu na semana passada que o Estado “não é nenhuma vaca que toda a gente vem e espreme para tirar o leite” e que “a vaca já não tem leite”.
“Se o leite acabou, nós não temos culpa. Nós nunca mamamos daquela vaca, queremos mamar agora”, reagiu.
Outra professora, Nilza Camblé sublinhou que os professores estão abertos para a negociação, mas querem um “salário digno”.
“Ele [o primeiro-ministro] não quer ser sensível connosco. Está a ser autoritário”, reclamou.
A greve geral dos professores teve início em 01 de março e paralisou todas as escolas do arquipélago, do ensino pré-escolar ao secundário.
O salário mínimo da função pública está fixado em 2.500 dobras (cerca de 100 euros), os professores dizem que muitos têm o salário de base de 2.135 dobras (87 euros). Por isso exigem um aumento para 10 mil dobras (cerca de 100 para 400 euros ou melhorias substâncias dos subsídios, sendo este o único ponto ainda sem acordo.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro são-tomense disse que o Governo já fez várias melhorias dos subsídios dos docentes e advertiu os professores que “três semanas é tempo demasiado”, pedindo o fim da greve que paralisa as escolas do arquipélago e deixou cerca de 80 mil crianças sem aulas.
Segundo os sindicatos a próxima ronda negocial com o Governo está prevista para quarta-feira.
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