“O objetivo é tentar destruir as redes e os traficantes e que aqueles que vos infernizam a vida desapareçam”, explicou o chefe de Estado aos habitantes do bairro de Castellane, em Marselha, duas semanas após o alarme dado por magistrados apelando para um “plano Marshall” para salvar a cidade do sudeste de França do crime organizado ligado ao tráfico de droga.
A guerra de territórios pelo controlo dos mais lucrativos pontos de tráfico de droga deixou em 2023 a cidade mediterrânica ensanguentada como nunca antes, com 49 mortos, entre os quais quatro vítimas colaterais, e 123 feridos.
Apesar de desde outubro parecer estar a instalar-se uma certa acalmia, a violência “poderá recomeçar, estamos a assistir ao início disso”, alertou hoje o procurador público de Marselha, Nicolas Bessone.
“Sim, a droga é o nosso inimigo” e as forças da ordem “vão durante semanas bater o território”, asseverou Macron, sem referir cidades específicas.
Indicou que a operação em Marselha será “a primeira de uma série de uma dezenas de operações ‘Praça Limpa’, conhecidas como ‘XXL'”.
Na segunda-feira, 900 polícias, guardas-republicanos e agentes alfandegários foram destacados para Marselha e arredores e hoje, quase 800.
Em dois dias, detiveram 98 pessoas, tendo 71 ficado sob custódia, apreenderam quatro armas, mais de 385.000 euros em dinheiro ou bens, 8,7 quilos de canábis e 339 gramas de cocaína, segundo um relatório do Comando da Polícia divulgado ao final da tarde de hoje.
“A ideia é ter uma situação de limpeza clara e ter um forte impacto nas próximas semanas”, declarou, ao lado do chefe de Estado, o novo comandante da polícia do departamento de Bouches-du-Rhône, Pierre-Edouard Colliex.
Além destas rusgas, houve recentemente várias outras contra os dois principais gangues de Marselha, DZ Mafia e Yoda. Félix Bingui, 33 anos, conhecido como “o gato” e presumível líder do clã Yoda, foi detido em Marrocos no início de março.
“O crime ligado ao tráfico de droga grassa em Marselha como uma espécie de gangrena que está a destruir o tecido social”, tinha alertado, à semelhança de outros magistrados, Olivier Leurent, presidente do Tribunal de Justiça de Marselha, no início deste mês, considerando que o Estado parecia travar uma “guerra desigual contra o narcobanditismo”.
ANC // SCA