Joko Widodo é um dos governantes mais populares da atualidade, com uma taxa de aprovação a rondar os 80%. Se dependesse dos indonésios, o antigo carpinteiro, empresário e autarca, também conhecido como “Jokowi”, de 62 anos, permaneceria no palácio Merdeka, a residência oficial do Chefe de Estado, em Jacarta. Como a Constituição do país só lhe permite cumprir dois mandatos, ele será obrigado a abandonar o cargo em outubro, mês em que o substituto tomará posse. Falta saber se a cerimónia de passagem de testemunho vai ocorrer no lugar em que Jokowi pretende: o maior e mais requintado edifício, atualmente em construção, na nova capital do quarto país mais populoso do mundo (280 milhões de habitantes).
Nusantara, nome da cidade que começa a ganhar forma na selva da ilha de Bornéu, é um projeto megalómano, apadrinhado pelo homem que ocupa a presidência há uma década, e que tem como objetivo descongestionar a ilha de Java, onde se concentra 60% da população nacional, e retirar as grandes instituições do poder central da segunda maior megametrópole do planeta. Jacarta, a antiga Batávia, acolhe já 35 milhões de almas, afunda-se a um ritmo médio de dez centímetros por ano e está cada vez mais vulnerável às mudanças climáticas. Jokowi quer que 51% do futuro palácio presidencial esteja pronto até ao final do verão, embora se trate de uma promessa tão difícil de cumprir como os prazos e os financiamentos definidos para a nova capital, que vai custar 32 mil milhões de dólares (80% a cargo de privados) e que, na melhor das hipóteses, segundo os analistas ouvidos pela revista japonesa Nikkei Asia, só estará terminada em 2045. Uma data simbólica por coincidir com o centenário da independência da Indonésia (antiga colónia dos Países Baixos).