Questionado pelos jornalistas, em Lisboa, sobre a possibilidade do envio de uma delegação da CPLP à Guiné-Bissau, Carlos Manuel Vila Nova respondeu: “Nós continuaremos a trabalhar e, se chegarmos à conclusão que esta [envio da delegação] é uma forma de ajudar a resolver mais rapidamente o problema, optaremos por ela”.
“Mas também pode ser que, perante a evolução dos acontecimentos e a nossa análise, poderemos optar por uma outra solução”, acrescentou.
O secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, já tinha admitido, em declarações à Rádio VOA (Voz da América), que o envio de uma delegação da CPLP àquele país estava a ser equacionado.
Esta foi a primeira vez que Carlos Vila Nova falou sobre o assunto e confirmou que a decisão seria tomada em função da evolução dos acontecimentos.
A presidência em exercício da CPLP já tinha apelado ao “respeito pelos princípios do Estado de direito democrático e da separação de poderes” na Guiné-Bissau.
Num comunicado emitido recentemente, pelo gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé, Gareth Haddad do Espírito Santo Guadalupe referiu “acompanhar com preocupação os recentes acontecimento na Guiné-Bissau, envolvendo as forças de defesa e segurança daquele Estado-membro”.
Hoje, quando questionado sobre se receava que a crise política da Guiné-Bissau pudesse prolongar-se de tal forma que invalidasse a assunção pelo país da próxima presidência da CPLP, como previsto, o Presidente de São Tomé limitou-se a responder: “falta muito tempo, ainda temos muito tempo. Ainda agora quase iniciamos os nossos dois anos” de mandato.
O Presidente em exercício da CPLP visitou hoje, pela primeira vez, desde que assumiu aquele cargo, a sede da organização em Lisboa, onde foi recebido em sessão solene pelo secretário executivo, Zacarias da Costa, e pelos representantes permanentes dos Estados-Membros junto da organização.
São Tomé e Príncipe assumiu a Presidência pro tempore da CPLP na XIV Conferência de Chefes de Estado e de Governo, em agosto de 2023.
Nesta cimeira ficou também decidido que a Guiné-Bissau seria o próximo país a assumir a presidência da CPLP.
O primeiro-ministro são-tomense já tinha afirmado, na quinta-feira passada, que os guineenses devem salvaguardar o Estado de Direito e a paz e prometeu continuar a acompanhar a situação política do país através da CPLP, presidida por São Tomé.
Patrice Trovoada considerou que, “ao nível da gestão e de prevenção de conflitos em África, existe uma espécie de hierarquia” em que os órgãos regionais “devem se pronunciar” primeiro.
Neste sentido, sublinhou a posição da Comissão Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), “que está envolvida na estabilização da Guiné-Bissau, não só do ponto de vista da política, mas também do ponto de vista de segurança”.
No domingo, a CEDEAO pediu uma “investigação transparente sobre os eventos” considerados pelo Presidente da Guiné-Bissau como golpe de Estado, anunciando uma extensão do mandato da missão neste país lusófono.
No início do mês, elementos das Forças Armadas e da Guarda Nacional envolveram-se em combates em Bissau, ação que o Presidente guineense considerou tratar-se de tentativa de golpe de Estado.
Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento e demitiu o Governo, tendo, na passada terça-feira, reconduzido Geraldo Martins no cargo de primeiro-ministro de um novo executivo, ainda por formar, mas da sua iniciativa.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.
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