Este domingo, Yanis Varoufakis recorreu ao seu site pessoal para expressar os seus pensamentos sobre o conflito israel-palestino e explicar o motivo pelo qual se recusa a condenar o Hamas ou os “colonos israelitas”. O ex-ministro das Finanças da Grécia faz uma análise sobre a ofensiva do Hamas contra Israel, e da resposta que daí surgiu, e reflete sobre as causas destes ataques que o deixaram “horrorizado”.
“No dia 8 de outubro, durante uma entrevista em Berlim, recusei-me a condenar o Hamas ou os colonos israelitas que cometem atrocidades em Israel e na Palestina. Em vez disso, condenei-nos a nós, europeus e americanos, os verdadeiros vilões que, durante décadas, estivemos de braços cruzados enquanto a causa subjacente destas atrocidades, o apartheid, se tornava um facto consumado”, afirma depois de destacar que a resolução do conflito tem “como primeiro passo crucial o fim da ocupação e apartheid”.
Varoufakis admite que o “mais fácil” seria condenar o Hamas ou defender os Palestinianos, preferindo não o fazer. Em vez disso, aponta o dedo aos “europeus e americanos” que, acredita, têm tornado “impossível a paz entre Israel e a Palestina”. “Aceitámos que os nossos governos permitissem que governos israelitas sucessivos acreditassem que, em vez de se fazer um Tratado de Paz, Israel podia conter os palestinianos atrás de cercas e toda uma arquitectura de apartheid, quer para os manter lá como subumanos, quer para os fazer fugir para terras distantes. Permitimos que Israel impusesse aos palestinianos um dilema cruel: ou morrer uma morte coletiva terrível, silenciosa e lenta ou pegar em armas e, em muitos casos, levar inocentes para a morte”.
No seu discurso, o ex-ministro das Finanças grego condena o silêncio que se estabelece quando à crimes de guerra cometidos por israelitas em contraste com as condenações “severas” que se fazem quando existe resposta palestiniana. “As nossas condenações à violência palestina e a nossa aceitação ao direito de Israel de cometer crimes de guerra em legítima defesa, é o presente perfeito para os extremistas de ambos os lados: o Hamas ama-nos por confirmamos a indiferença ocidental para com o sofrimento dos palestinos. Por outro lado, os colonos e Netanyahu, amam-nos porque damos luz verde ao reforço do seu programa de apartheid e de limpeza étnica”.
Perante esta linha de pensamento, Varoufakis recusa condenar o Hamas ou Israel por considerar que tal é “atirar lenha para a fogueira” e não fazer parte da solução mas sim do problema. Lamenta as atrocidades cometidas contra inocentes de ambos os lados deste conflito e apela aos líderes europeus e americanos para que se unam num “passo decisivo em direção à Paz”.