“Somos claramente contra [o prolongamento dessa proibição de importar cereais]”, disse Kuleba numa conferência de imprensa, após reunir-se com o seu homólogo checo, Jan Lipavsky.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia referia-se à intenção dos cinco países citados de prolongar até ao final do ano a proibição de importar cereais ucranianos livres de taxas aduaneiras.
Esses produtos agrícolas ucranianos estavam a ficar nos mercados desses cinco países a preços consideravelmente mais baixos que aqueles que os produtores locais podem praticar, em vez de chegarem a outros Estados-membros da União Europeia (UE) ou a países terceiros não-comunitários.
O veto, concedido pela UE na passada primavera, implica que os cereais ucranianos podem transitar pela Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia (mas não ser neles vendidos) para serem comercializados noutros Estados-membros ou dirigir-se para países ou territórios extracomunitários.
Dmytro Kuleba considerou que a proibição “viola o tratado de associação UE-Ucrânia e, sobretudo, vai contra o princípio da solidariedade que é a pedra angular da UE”.
Advertiu igualmente de que complica a saída dos cereais do seu país, já em graves dificuldades desde que a Rússia abandonou, em julho, o acordo alcançado um ano antes para facilitar as exportações de alimentos a partir dos portos ucranianos do mar Negro para os mercados internacionais.
Já em maio passado, depois de entrar em vigor a proibição de comercializar milho, trigo, colza, óleo de girassol e sementes de girassol ucranianos nos cinco Estados-membros do leste da UE, o setor primário da Ucrânia começou a deparar-se com grandes dificuldades para escoar os cereais para fora do país.
“Apelamos aos países para que não transformem a questão da exportação de trigo num refém do seu processo político interno”, disse Kuleba.
Embora agradecendo a ajuda militar e humanitária fornecida a Kiev por esses mesmos parceiros comunitários, o ministro sublinhou que o seu país lutará para “defender” os seus direitos, sem precisar de que forma o fará.
“No caso de as restrições continuarem, não nos deixarão outra alternativa senão defender os nossos direitos e os direitos dos nossos agricultores, e queremos evitar essa situação de todo o coração”, afirmou.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que dura há mais de 18 meses.
A invasão — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
ANC // SCA