Flávio Dino indicou que “houve uma reação imediata que não parece, no momento, ser proporcional ao crime cometido”, referindo-se ao assassínio de um agente da Polícia Militar, que levou à operação policial na cidade do Guarujá.
O governador do estado de São Paulo tinha defendido na segunda-feira a operação. “A polícia reage e vai reagir para repelir a ameaça”, declarou Tarcísio de Freitas, numa conferência de imprensa.
“As imagens das câmaras vão poder demonstrar se houve o que o governo do estado denunciou, ou seja, uma reação a ataques, ou se houve de fato um descumprimento da lei”, disse Flávio Dino.
O responsável pediu ao Ministério Público de São Paulo que solicite as imagens.
A operação começou na sexta-feira, um dia após o assassínio do agente da Polícia Militar Patrick Bastos, de 30 anos, que foi morto numa favela de Guarujá enquanto fazia uma patrulha de rotina.
As autoridades do governo regional de São Paulo mobilizaram uma equipa de 600 agentes do litoral paulista e iniciaram a operação que, segundo o governador Tarcísio de Freitas, vai continuar.
A chamada Operação Escudo deverá prolongar-se durante um mês e envolver 15 batalhões especiais e brigadas de assalto e cerca de três mil agentes da Polícia Militar e da Polícia Civil de São Paulo.
A operação levou à detenção de 10 pessoas, entre elas o suspeito de atirar contra Patrick Bastos, identificado como Erickson David da Silva, que teria ligação a um grupo de traficantes da região.
No domingo, o investigador de denúncias da polícia de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, referiu que o número de mortos subiu para pelo menos 10 pessoas. Ele também citou denúncias feitas por organizações de defensores dos direitos humanos e moradores do Guarujá, município onde ocorreram os factos, sobre ameaças e torturas que teriam sido realizadas por agentes de segurança.
“Este Gabinete tomou conhecimento das denúncias, já instaurou um processo e tomou medidas contra as instituições do Estado e da sociedade civil. Estamos a refletir juntos sobre as formas de travarmos as violações que estão a ocorrer”, disse Aparecido da Silva.
Apesar da captura do suspeito e de outras nove pessoas, moradores do município disseram que os militares estão a torturar e a matar “todo mundo” e que prometeram matar mais 60 pessoas em várias favelas da cidade, segundo a imprensa local.
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