“Este crescimento deveu-se, por um lado, ao aumento dos ativos de operações de política monetária, e, por outro, à evolução positiva das reservas cambiais, impulsionada pelo comportamento positivo dos ativos sobre o exterior”, lê-se do documento.
Ainda segundo o regulador bancário cabo-verdiano, no ano passado tiveram ainda “forte impacto” nas demonstrações a decisão de manter as medidas excecionais de estímulo monetário implementadas em 2020 para dar resposta à crise pandémica e as medidas adotadas pelos principais bancos centrais internacionais no combate à inflação.
No período em análise, o BCV registou um passivo de 96,8 mil milhões de escudos cabo-verdianos (878 milhões de euros), um crescimento de 9,38% em relação ao ano anterior.
O resultado é justificado pelo aumento das responsabilidades com pensões e outros benefícios, com residentes, das notas e moedas em circulação ou das responsabilidades para com o Estado e para com outras instituições financeiras.
Por sua vez, o capital próprio foi negativo em 4,2 mil milhões de escudos (38,4 milhões de euros), um agravamento de 18,62%, quando comparado com o exercício de 2021, ainda “fortemente impactado” pela evolução negativa das reservas de reavaliação, devido, em grande medida, à queda acentuada e generalizada do preço dos instrumentos financeiros em carteira.
Contribuíram ainda para o capital próprio negativo do BCV “as medidas de política monetária restritivas adotadas pelas principais autoridades monetárias e o resultado do exercício determinado pelo efeito negativo da flutuação cambial dos ativos expressos em dólar dos Estados Unidos da América, verificado, sobretudo, no último trimestre de 2022”.
No final do mês de dezembro de 2022, os ativos relacionados com a política monetária, em específico as Operações Monetárias de Financiamento (OMF) eram de 14,3 mil milhões de escudos (130 milhões de euros), “38,48% acima do valor registado em dezembro de 2021”.
“O referido instrumento vence juros à taxa de 0,75% e tem um prazo de maturidade de até três anos”, avançou o BCV no seu relatório e contas anual.
Quando aos ativos sobre o exterior, de 69 mil milhões de escudos (628,9 milhões de euros), que em 2022 representavam 95,82% das reservas cambiais, aumentaram 10,21%.
O banco central justifica o aumento com as operações cambiais resultantes da aceitação de cartões internacionais na rede vinti4 e dos desembolsos de parceiros internacionais, no quadro da ajuda orçamental e de financiamento de projetos de investimentos.
“Pese embora a venda líquida de divisas às instituições de crédito, no âmbito da execução da política monetária, assim como de pagamentos sobre o exterior de responsabilidades do Estado de Cabo Verde”, alertou.
Na mensagem que acompanha o relatório, o governador do BCV, Óscar Santos, começou por dizer que 2022 foi um “ano desafiante”, enumerando as medidas mantidas pelo regulador para mitigar os impactos da covid-19 e da guerra na Ucrânia.
Num ano em que o país cresceu 17,7%, o governador deu conta ainda de várias atividades realizadas pelo BCV, a nível das relações externas e cooperação, mas também conferências, constatando a “necessidade” de fortalecer a comunicação com a sociedade e restantes intervenientes do setor.
RIPE // PJA