Kim Jong Un, o líder da Coreia do Norte, aparece, normalmente em público, sem estar acompanhado por elementos da sua família. Mas aquando do teste de lançamento de um míssil intercontinental, o maior do país, na última sexta-feira, , Kim surgiu de mão dada com uma menina de casaco branco, que, segundo a Associated Press, é a sua segunda filha, tem dez anos e chama-se Ju Ae.
Estas informações sobre a menina, de acordo com a agência noticiosa, terão sido avançadas num comité parlamentar à porta fechada por uma fonte dos Serviços Secretos da Coreia do Sul.
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Raramente há notícias sobre os familiares próximos da dinastia Kim, que tem governado o país desde 1940. A imprensa especula que o líder autocrata se casou com Ri Sol Ju em 2009 e que têm três filhos: o mais velho será do sexo masculino e terá perto de 13 anos, Ju Ae, de 10 anos, e existirá ainda uma terceira filha, com perto de 6.
Este tipo de informações não é validada ou desmentida pelos serviços de informação do país, isto porque têm a política de “não confirmar nem negar os conteúdos dos briefings privados feitos ao Parlamento”, relembra a AP.
Mas porque é que a filha foi apresentada agora? E porquê neste evento?
São várias as teorias que tentam explicar a razão pela qual a filha de Kim apareceu agora, muitas relacionadas com a imagem que o líder quer passar neste momento para o mundo e para o futuro do país. Há especialistas que acreditam que esta é uma forma de preparar o mundo e o país para terem uma mulher no poder, uma sucessora; outros afirmam que é a necessidade de demonstrar que esta é uma família normal; e ainda há teorias que passam apenas pela demonstração do poder do líder e de como este tipo de armas vai ser transversal em todas as gerações.
Yang Moo-jin, presidente da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, acredita que “ao mostrar algum tempo de qualidade com a sua filha, parecia que ele (Kim) queria mostrar como a sua família é boa e estável, e mostrar-se como um líder para as pessoas normais”, disse à Global News. As imagens também parecem demonstrar que a menina é um membro importante da linhagem Kim, explicou o presidente.
Shreyas Reddy, do site americano NK News, que se dedica em exclusivo ao que se passa na Coreia do Norte, explica ao Washington Post que o momento se destaca mais por “ter sido apresentada ao país, bem como ao mundo em geral, num evento tão proeminente como o lançamento do maior míssil da Coreia do Norte”. Mas refere “nesta fase inicial não podemos ter a certeza de qual é o objetivo”.
Já Sokeel Park, diretor nacional da ONG Liberty in North Korea, afirma que pode ser mais do que uma apresentação. “Penso que poderiam fazer com que a linhagem de sangue se sobrepusesse ao patriarcado, da mesma forma que as rainhas herdam o poder através das famílias reais, apesar da cultura fortemente patriarcal na história da Coreia e da humanidade em geral”.