“O festival foi pensado, antes de mais, para trazer à comunidade portuguesa que vive em Berlim os filmes que saem em Portugal e nunca chegam à capital alemã. Mas estamos a apostar cada vez mais no público berlinense de todas as nacionalidades”, disse aquela responsável à agência Lusa.
“O filme ‘Listen’ (de Ana Rocha, 2020), mesmo antes de fazermos publicidade, já temos metade da sala vendida […] Penso que o filme ‘Fogo Fátuo’ (de João Pedro Rodrigues, 2022) também vai atrair um grupo de berlinenses específico. O filme ‘Fado — por amor à tristeza’ (de Sophia-Zoë Spiegel, 2021) sobre o fado vadio no Porto, provavelmente atrairá também berlinenses que se interessam por este tema”, comentou.
A quarta edição dos Dias do Cinema Português em Berlim traz um total de 19 filmes em 12 sessões, durante os meses de novembro e dezembro, com curtas e longas-metragens, animação, documentários e uma fantasia musical com diferentes temas.
“Há vários filmes sobre emigração, naturalmente perspetivas diferentes, temos alguns filmes históricos. De certo modo é uma edição muito femininista. Aconteceu-nos algo muito interessante que foi termos escolhido os filmes em função da qualidade deles, e no fim fomos contar os realizadores, e havia mais realizadoras do que realizadores. As mulheres afirmam-se não por cotas, mas pela sua qualidade. Foi uma descoberta muito agradável para nós”, sustentou Helena Araújo.
Esta é também a edição que conta com a maior participação dos realizadores para falarem e interagirem com o público sobre os seus trabalhos em exibição.
“Por um lado, este ano tivemos um apoio bastante maior do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e, por outro lado, as pessoas tinham disponibilidade. De modo que, este ano, temos seis realizadores, em metade das sessões temos um realizador”, apontou a presidente da 2314, associação que organiza o festival.
O aumento do número de casos de covid-19 continua, tal como em anos anteriores, a ser uma grande preocupação.
“De momento não há constrangimentos, mas a situação está a complicar-se aqui em Berlim. Obviamente que estamos preocupados. Se vierem limitações ao número de cadeiras que podemos usar, vamos ficar numa situação muito difícil. Trazer a Berlim 19 filmes e reservar uma sala para 12 sessões tem custos, que só conseguimos cobrir se tivermos uma grande adesão do público”, salientou.
Os bilhetes já estão à venda e, lembra Helena Araújo, “são mais baratos do que os preços praticados nos cinemas”. Todas as sessões vão ser exibidas no cinema Moviemento, que recebe o festival desde 2019. Os filmes são legendados em inglês.
Depois das sessões com realizadores, será oferecido vinho do Porto, e, num dos casos, poncha madeirense. O objetivo é que esta “não seja apenas uma festa do cinema, mas sim de Portugal inteiro”.
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