“A saúde não é um custo, é um investimento”, sublinhou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, na cerimónia de abertura de uma cimeira que vai durar três dias e é considerada o maior evento internacional deste âmbito em 2022.
O impacto da pandemia do novo coronavírus, em escala sanitária, social e económica, deve ser aproveitado “para elevar a saúde ao mais alto nível” no conjunto de prioridades na esfera política e também no investimento, público ou privado, disse o representante.
Tem de haver um “compromisso geracional” para que, no fim, se contemple a despesas com a saúde como um “investimento”, acrescentou o diretor-geral da OMS, agência que integra o sistema das Nações Unidas.
A pandemia da doença covid-19 revelou “a vulnerabilidade” a que o mundo continua exposto, tanto o mais desenvolvido como o que ainda não tem “acesso adequado e equitativo à vacina”, recordou.
Não é, no entanto, segundo foi focado no arranque da cimeira, a única das vulnerabilidades que continuam a afetar a população mundial em termos de saúde, porque a tarefa de erradicar a poliomielite no mundo menos industrializado ainda está pendente.
A luta contra a poliomielite vai ocupar as sessões da chamada conferência de doadores contra esta doença, que pretende arrecadar 4.800 milhões de euros nos próximos quatro anos.
Numa mensagem endereçada à cimeira, o bilionário e mecenas norte-americano Bill Gates anunciou uma doação de até 1.200 milhões de euros para o fundo contra a poliomielite, doença que continua a causar estragos no Paquistão e no Afeganistão.
“A erradicação da poliomielite está ao nosso alcance. Mas a doença continua a ser uma ameaça”, disse o mecenas, copresidente da fundação Bill e Melinda Gates, numa intervenção por videoconferência no arranque da cimeira mundial da saúde.
O valor será doado para a Iniciativa Global para a Erradicação da Poliomielite, uma parceria público-privada, cujo objetivo é acabar definitivamente até 2026 com a poliomielite, contra a qual existe vacina.
Esta doença altamente contagiosa, que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia permanente, afeta mais frequentemente crianças com menos de cinco anos.
Desde o seu lançamento em 1988, a iniciativa ajudou a reduzir os casos de poliomielite em mais de 99% em todo o mundo e evitou mais de 20 milhões de casos de paralisia, disse a fundação em comunicado.
O Paquistão e o Afeganistão são os dois únicos países onde o poliovírus selvagem, a forma mais conhecida do vírus, permanece endémica.
Mas dois países africanos, Malawi e Moçambique, registaram casos de pólio selvagem importados para o seu território este ano.
Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, se referiu à luta contra a poliomielite na sua mensagem de saudação no início dos trabalhos da reunião, pedindo que não se deixem “fora de foco” estas doenças que, para o mundo industrializado, já estão superadas, tendo anunciado uma contribuição de 35 milhões de euros para aquele fundo global.
A pandemia de covid-19 revelou a importância de “seguir os conselhos dos cientistas”, prosseguiu Scholz.
Estes, frisou o líder alemão, reagiram e conseguiram desenvolver vacinas para combatê-la “num tempo incrivelmente curto”, o que mostra a “necessidade imperiosa” de investir em investigação, assim como na saúde.
Em nome da Comissão Europeia, interveio a diretora-geral para a Saúde e Segurança Alimentar, Sandra Gallina, lembrando que a luta pela saúde global passa pelo combate às desigualdades e pela erradicação da pobreza.
A cimeira da saúde, apadrinhada por Scholz e pelos Presidentes francês, Emmanuel Macron, e senegalês, Macky Sall, arrancou em formato híbrido, com intervenções presenciais — como a do chanceler alemão – e mensagens por meios virtuais, entre elas a de Bill Gates.
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