“Esperamos que a comissão eleitoral torne públicos os resultados provisórios por distrito porque isso permitirá com certeza tornar o processo mais transparente para todas e todos que não temos o seu conhecimento oficial”, afirmou a eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, na apresentação do relatório preliminar da missão de observação eleitoral da União Europeia (UE), na capital são-tomense.
Questionada sobre sinais de tensão no período pós-eleitoral, com críticas da Ação Democrática Independente (ADI), que reivindicou a vitória nas legislativas, pela demora de quase 30 horas na divulgação, pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), dos resultados provisórios e pela ausência de discriminação dos dados por distrito e dos mandatos na Assembleia Nacional obtidos por cada partido, a responsável admitiu “preocupação”.
“Preocupação, claro, não lhe ia mentir, temos sempre”, comentou a chefe da missão europeia.
O processo eleitoral, sublinhou, “decorreu pacífica e ordeiramente” e o dia da votação “em geral decorreu também de forma pacífica e ordeira e seguindo regras internacionais, com transparência”, merecendo “uma avaliação globalmente positiva”, apesar de poder ser necessário corrigir “algumas situações”.
“É natural que a demora crie um certo nervosismo, as pessoas estão sempre à espera de receber os resultados com maior celeridade, mas não me cabe recomendar nenhuma atitude particular aos partidos políticos, saberão o que fazer. Desejo que tudo continue a decorrer de forma pacífica e que se mantenha a confiança das cidadãs e dos cidadãos de São Tomé no resultado final”, acrescentou Maria Manuel Leitão Marques.
O presidente da CEN, José Carlos Barreiros, divulgou na segunda-feira à noite o número total de votantes por cada um dos 11 partidos e movimentos concorrentes às eleições legislativas de domingo passado, mas sem indicar quantos mandatos foram atribuídos a cada.
Também não indicou o resultado por distrito, remetendo esta informação para uma publicação posterior na página oficial da CEN, mas que não tinha ainda acontecido até ao início da tarde de hoje.
O presidente da CEN afirmou que alguns partidos já tinham apresentado as suas projeções (nomeadamente a ADI e o MLSTP) e que “há divergências”, pelo que remeteu a distribuição de lugares para o Tribunal Constitucional.
Segundo o anúncio feito pela CEN na segunda-feira à noite, a ADI foi o partido mais votado nas legislativas de domingo, com um total de 36.549 votos, seguido do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus, com 25.531 votos.
O movimento Basta, criado cerca de três meses antes das eleições, teve 6.874 votos, enquanto o Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista (MCI), que concorreu a estas eleições coligado com o Partido de Unidade Nacional (PUN), e que detinha dois deputados na legislatura anterior, obteve 5.120 votos.
O Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL) conquistou 1.601 votos, a União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD) recebeu 731 votos, o Partido Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP) teve 472 votos, o Muda teve 389, o Partido Novo teve 352, o Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD/PVSTP) obteve 271 votos e o Partido de Todos os Santomenses (PTOS) 195.
A taxa de abstenção foi de 34,33%, adiantou José Carlos Barreiros.
O apuramento final dos resultados e posterior validação pelo Tribunal Constitucional deverá estar concluído no início da próxima semana, disseram à Lusa fontes ligadas ao processo.
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