“Nas localidades de Kherson e Energodar, ataques precisos das nossas tropas destruíram três sistemas de artilharia inimigos, bem como um depósito de munições” matando muitos soldados russos, referiu o Exército ucraniano em comunicado.
O autarca pró-Kiev de Energodar, Dmytro Orlov, atualmente no exílio, referiu à agência France-Presse (AFP) que não tinha informações até ao momento, apontando graves problemas com a rede móvel naquela cidade durante o dia de hoje.
O Exército ucraniano também alegou que as forças russas tinham retirado “todos os seus equipamentos militares do local da central” antes da chegada da missão da AIEA, referindo que vários militares permanecem nas instalações.
A central de Zaporijia, a maior da Europa, caiu para as tropas russas em março, logo após Moscovo lançar a invasão da Ucrânia, e o local tem sido alvo de vários bombardeamentos, o que levanta receios de um desastre nuclear.
Kiev e Moscovo têm trocado acusações sobre a responsabilidade dos ataques.
Na manhã de quinta-feira, antes da chegada da missão da AIEA, as autoridades ucranianas acusaram os russos de terem bombardeado Energodar com a intenção de atribuírem as culpas a Kiev.
Ao mesmo tempo, o Exército russo acusou os ucranianos de enviar uma equipa de “sabotadores” para reconquistarem a central nuclear.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse na quinta-feira, após a visita ao local, que “é óbvio que a central e a integridade física das instalações foram violadas várias vezes, de forma casual ou deliberada”.
O chefe da missão, que visitou “três ou quatro áreas chave que queria inspecionar pessoalmente” – como unidades de energia nuclear, geradores a diesel e salas de controlo – e que afirmou ter falado com trabalhadores e moradores de Energodar, reiterou que a “AIEA está na central e não sai do local”.
Os especialistas da AIEA “vão permanecer (no local) até domingo ou segunda-feira” para aprofundarem a inspeção no sentido da elaboração de um relatório, segundo referiu Grossi, que posteriormente irá apresentar o documento à direção da agência da ONU com sede em Viena.
O segundo reator operacional da central nuclear, desconectado esta quinta-feira devido a um ataque, voltou hoje a funcionar e foi conectado à rede elétrica, informou a empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia (Energoatom).
Atualmente, dois reatores de um total de seis estão a operar, o número 5 e 6, que produzem eletricidade para as necessidades da Ucrânia, segundo a Energoatom que garante que os equipamentos e sistemas de segurança estão a operar normalmente.
O reator número 5 tinha sido desconectado quando a proteção de emergência foi ativada devido a um ataque que a Ucrânia atribuiu ao Exército russo.
Há dez dias, os dois reatores ainda em operação tiveram que ser desconectados e a central sofreu o primeiro apagão da sua história.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 191.º dia, 5.663 civis mortos e 8.055 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
DMC (PSP) // MSP