.
Apesar das tentativas para enviá-los de volta, os refugiados recusaram, por temerem os perigos a que estão sujeitos no Myanmar, e que foram exacerbados pela tomada do poder pela junta militar, no ano passado.
Wang chegou a Daca no sábado e reuniu com o primeiro-ministro, Sheikh Hasina, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, A.K. Abdul Momen.
A China é um importante parceiro comercial do Bangladesh. Mas manter laços próximos com Pequim é um desafio para Daca, que tem também de equilibrar as relações diplomáticas e comerciais com a Índia e os Estados Unidos, os principais rivais da China.
Mais de 500 empresas chinesas estão ativas no Bangladesh. A China está envolvida em muitos dos principais projetos de infraestrutura do país, incluindo portos, túneis fluviais e autoestradas.
Pequim ajudou a construir a maior ponte do país, sobre o rio Padma, e cujo custo da obra ascendeu a 3,6 mil milhões de dólares (mais de 3,5 mil milhões de euros).
Face às tensões recentes entre Pequim e Taipé, o Bangladesh emitiu um comunicado a reiterar o seu apoio à política de ‘Uma só China’, visto pela República Popular da China como uma garantia de que Taiwan é uma província sua, e não uma entidade política soberana.
Após vencer as eleições, em 2008, a administração de Hasina fechou o escritório de representação empresarial de Taiwan em Daca, em resposta a um pedido da China e, desde então, a China aumentou o seu envolvimento no país.
A indústria têxtil do Bangladesh, que é responsável pela entrada de 80% da moeda estrangeira no país, depende fortemente do fornecimento de matérias-primas pela China.
No domingo, Wang disse a Hasina que o seu país considera o Bangladesh um “parceiro de desenvolvimento estratégico”, segundo Ihsanul Karim, o secretário de imprensa presidencial.
A agência de notícias United News of Bangladesh informou ainda que Wang prometeu apoiar o Bangladesh “em todas as questões em fóruns internacionais”.
A Bangladesh Sangbad Sangstha, agência de notícias estatal, informou que Hasina abordou as tensões globais causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia e as consequentes sanções impostas contra Moscovo.
“As pessoas [em todo o mundo] estão a enfrentar tempos difíceis. O sul da Ásia, o Sudeste Asiático e a China devem trabalhar em conjunto para alcançar o progresso económico”, defendeu Hasina.
Wang concordou ainda em alargar as políticas preferenciais no comércio com o país, aumentando de 97% para 98% a percentagem de produtos e serviços do Bangladesh que beneficiam de isenção de impostos no mercado chinês.
“É uma boa notícia para o Bangladesh, pois temos uma economia próspera, baseada em exportações”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh, Shahriar Alam.
O responsável disse que o Bangladesh vai receber em breve uma lista da China com os produtos e serviços que vão beneficiar de isenção de impostos.
Alam afirmou ainda que a China se comprometeu a trabalhar continuamente para resolver a crise dos rohingyas.
“O nosso ministro dos Negócios Estrangeiros reiterou fortemente que a cooperação chinesa é necessária. A China progrediu na resolução da questão dos rohingyas e precisamos que esta situação chegue ao fim”, disse.
No domingo, o Bangladesh e a China assinaram ou renovaram quatro acordos e memorandos de entendimento sobre gestão de desastres, construção de infraestrutura e intercâmbio cultural.
O analista Munshi Faiz Ahmad, que atuou como embaixador do Bangladesh em Pequim, disse que a visita de Wang foi muito significativa para os dois países.
“Para resolver a crise dos rohingyas, o Bangladesh precisa do apoio da China. Esta visita vai ajudar a reforçar as relações bilaterais”, disse Ahmad, citado pela agência Associated Press.
“Para nós, a China é muito importante. Também precisamos de manter boas relações com a Índia e os Estados Unidos, pois eles também são parceiros de desenvolvimento muito importantes do Bangladesh”, apontou.
JPI // VQ