Paris, 31 de março de 1889. A Torre Eiffel ergue-se no céu da cidade e Gustave Eiffel sobe os 1710 degraus do monumento para colocar a bandeira francesa. A frágil e instável torre de ferro estava prevista para durar 20 anos. Em 1909, deveria ser destruída. Com o passar dos anos, a torre começou a ter sucesso e já era símbolo da potência industrial francesa dos finais do século XIX e inícios do século XX.
133 anos depois, o monumento parisiense está em mau estado e cheio de ferrugem, divulga a revista Marianne. Segundo relatórios de especialistas, mantidos confidenciais, a torre precisa de uma reparação completa e não uma espécie de maquilhagem para disfarçar os danos a tempo dos Jogos Olímpicos que a capital francesa vai receber em 2024. Pintar por cima da tinta antiga agrava a corrosão e no caso de estruturas como a da Torre Eiffel o revestimento pode começar a rachar.
Com ferro fundido puro e de alta qualidade importado da Grã-Bretanha durante a Revolução Industrial, a Torre Eiffel conta com um total de 324 metros de altura e 7.300 toneladas. O engenheiro civil responsável pela construção e que dá nome ao monumento, Eiffel, escreveu na altura sobre o maior desafio para a longevidade do projeto. “A pintura é o ingrediente essencial para proteger uma estrutura metálica e o cuidado com que é feita é a única garantia da sua longevidade”, confessa.
Desde então, a torre já vai na sua vigésima pintura. Desta vez, o objetivo desta nova obra era aplicar duas novas demãos. Contudo, devido aos atrasos provocados pela pandemia de Covid-19, só 5% da torre será tratada.
O próprio Gustave Eiffel já previa uma degradação da estrutura ao longo dos anos, aconselhando a sua pintura de sete em sete anos. Os prazos têm sido cumpridos, mas desta vez haverá uma mudança de cor. “A torre terá um aspeto mais dourado, coincidindo com os Jogos Olímpicos”, refere Patrick Branco Ruivo, diretor geral da empresa a cargo da manutenção da Torre Eiffel.
Esta mudança de tonalidade vai ao encontro do projeto inicial de 1889, na medida em que a torre foi apresentada em tons avermelhados para combinar com a visão geral de Paris.
A empresa que supervisiona a torre, La Société d’Exploitation de la Tour Eiffel (SETE), tem resistido no que toca ao fecho do monumento devido a obras de reparação e recuperação. A justificação que apresenta é a perda de receitas turísticas, já que num ano típico, a Torre Eiffel receber cerca de 7 milhões de visitantes. Atualmente, é o quarto ponto turístico mais visitado em França, depois da Disneyland, do Museu do Louvre e do Palácio de Versalhes.
Na última década foram publicados três relatórios, nos quais se precaveu o estado da Torre Eiffel. “A SETE tem de dar mais uma olhadela à Torre Eiffel e apresentar uma política de manutenção completamente nova, centrada no teste da estrutura metálica envelhecida”, conclui-se em 2010. Um segundo relatório, em 2014, revelou que o monumento tinha fissuras e ferrugem e em 2016 foram apresentadas 884 falhas, incluindo 68 que representavam um risco para a durabilidade da estrutura.