Os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) apoiaram hoje, na cimeira do espaço de Toulouse, em França, a estratégia para a conectividade segura, que prevê uma rede de satélites que gere “comunicações confiáveis, seguras e económicas”.
O apoio foi manifestado pelos ministros com a tutela das atividades espaciais numa reunião informal do Conselho Competitivo da UE sobre o espaço, que decorreu em Toulouse, sob a presidência francesa do Conselho da UE, e que era uma das reuniões previstas na cimeira. Portugal esteve representado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor.
“Nós, os 27, estamos de acordo na necessidade de haver uma constelação europeia autónoma que garanta um acesso à internet de alta velocidade”, afirmou o anfitrião do encontro, o ministro francês da Economia e Finanças, Bruno Le Maire.
A estratégia da UE para a conectividade segura visa, segundo a Comissão Europeia, criar uma rede de satélites para gerar “comunicações confiáveis, seguras e económicas” que apoiem “infraestruturas críticas”, como as de energia, saúde e centrais de dados, ações de “gestão de crise”, como a ajuda humanitária, ou a vigilância do espaço marítimo e aéreo.
A rede possibilitará aceder a banda larga de alta velocidade em toda a Europa, complementando os sistemas de navegação por satélite Galileo/EGNOS e de observação da Terra Copernicus, e fornecer proteção contra ataques cibernéticos na internet, mantendo os europeus ligados “inclusive durante ataques ou desempenho reduzido de infraestruturas terrestres”.
Usando tecnologias baseadas na criptografia quântica, que permite criar e partilhar uma chave secreta para criptografar e decifrar mensagens, o sistema “será crucial para ajudar a UE a comunicar de uma forma que impeça que terceiros escutem ou intercetem informações vitais, sensíveis e confidenciais para os Estados-membros”.
Bruxelas estima que este novo sistema de conectividade por satélite tenha um custo de seis mil milhões de euros.
“A questão financeira não foi abordada, é preciso avançar passo a passo. Hoje, o principal era ter um acordo político”, frisou o ministro Bruno Le Maire.
O titular francês da Economia e Finanças defendeu que o lançamento da nova constelação de satélites é um passo adicional em prol da soberania europeia e de uma menor dependência face a outros países, em particular da China e dos Estados Unidos.
“Não queremos depender de outras potências para o uso do espaço, queremos um sinal soberano. É a primeira vez que a Europa o afirma de forma tão clara”, disse Le Maire, numa conferência de imprensa após a reunião informal do Conselho Competitivo da UE sobre o espaço.
A nova rede de satélites deverá incluir cerca de 250 satélites na órbita baixa, com os primeiros a estarem operacionais em 2024.
Os Estados-membros da UE entendem que a rentabilidade comercial desta rede deve ser garantida.
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