Em declarações à agência de notícias espanhola EFE, Mohamed Lamrane Bahs adiantou que mais de 100 feridos continuam hospitalizados.
No sábado, segundo declarações de responsáveis à imprensa, havia pelo menos 80 mortos, na sequência do acidente.
“Recuperámos 80 corpos do local do acidente na última noite”, disse um funcionário da Cruz Vermelha à AFP no sábado, precisando que as operações de salvamento iam continuar naquele dia.
Um enfermeiro do hospital para onde as vítimas foram levadas confirmou também à AFP o número de mortos, adiantando que também tinham recebido muitas mulheres, homens e crianças com “ferimentos graves”.
“Perdemos mais de 100 pessoas num instante e ainda estamos com outras 100 que estão no hospital”, disse, também hoje, o Presidente da Serra Leoa, Julius Maada Bio, perante uma multidão de pessoas, numa visita ao bairro de Wellington, nos arredores de Freetown, capital do país, onde ocorreu a colisão de um camião com outro que transportava combustível, que acabou por explodir, causando a tragédia.
“Fizemos todos os esforços e quero agradecer ao pessoal médico em todo o país”, acrescentou o chefe de Estado, salientando que aqueles profissionais prestaram assistência às vítimas hospitalizadas de forma gratuita para “atender às suas necessidades biomédicas, assistenciais e psicossociais imediatas”, mas avisou que neste momento já não dispõem de material suficiente.
Porém, o ministro da Saúde da Serra Leoa, Austin Demby, disse aos jornalistas que já tinham contactado a Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, e que havia uma grande esperança de que um enorme carregamento de medicamentos chegasse à Serra Leoa nas próximas 24 horas.
O acidente e de sexta-feira levou o Presidente Bio a cancelar a sua viagem a Acra, no Gana, onde deveria ir hoje (depois de participar na COP26 em Glasgow), para participar na cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre os recentes golpes de Estado no Mali e na Guiné-Conacri.
O Presidente disse estar naquele local para contactar com a comunidade afetada e os seus entes queridos, e para perceber a dimensão da catástrofe.
À sua chegada de Glasgow, no sábado, o presidente da Serra Leoa também visitou as vítimas da explosão num dos hospitais da capital e apresentou condolências às famílias dos falecidos.
“Isto é a pior coisa que alguma vez aconteceu a alguém”, disse, enquanto elogiava os esforços da Agência Nacional de Gestão de Catástrofes e do Gabinete de Segurança Nacional e o trabalho realizado pelo vice-presidente, Mohammed Juldeh Jalloh, e a sua equipa desde que o incidente ocorreu.
Num comunicado de sábado, Mohammed Mukhier, diretor de África da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, disse que este incidente é “desolador” para um país onde as memórias de outras catástrofes, tais como os deslizamentos de terras de agosto de 2017 (que mataram mais de 1.000 pessoas) ou a epidemia de Ébola, entre 2014 e 2016, que matou quase 4.000 pessoas, ainda estão frescas.
Kpawuru E. T. Sandy, secretário-geral da Cruz Vermelha na Serra Leoa, disse que “o hospital principal está sobrecarregado e as famílias estão a ter dificuldade em identificar os seus entes queridos, que foram queimados ou morreram, uma vez que os corpos estão muito carbonizados”.
Uma testemunha, Mohamed Kamara, disse à Efe que o acidente ocorreu quando o camião que transportava combustível quis abastecer uma estação de serviço e foi abalroado por um reboque.
ATR (MC) // TDI
Lusa/FIM