“Está marcada uma reunião entre os dois homens esta semana”, disse Peter Stano, porta-voz do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança Josep Borrell.
Stano adiantou, no entanto, não estar previsto qualquer encontro com Borrell, também coordenador das negociações do acordo nuclear concluído em 2015 com o Irão.
Baghéri anunciou na sua conta na rede social Twitter que iria reunir-se quarta-feira, em Bruxelas, com o coordenador negocial da parte europeia, tendo como pano de fundo “prosseguir as discussões para que se retome as negociações [sobre o nuclear] e para que se consigam obter resultados”.
Entretanto, em Washington, o emissário norte-americano para o Irão, Rob Malley, avisou hoje novamente que os Estados Unidos estão prontos para tomar “outras medidas” se fracassarem as negociações para salvar o acordo sobre o nuclear iraniano, mas sem fechar a porta à diplomacia.
Após uma digressão de uma semana no golfo Pérsico e na Europa, Malley reafirmou que Washington “tem outras opções” para impedir Teerão de aceder a armamento atómico, aviso já feito este mês pelo chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, que deixou implícito o planeamento de uma ameaça militar.
“Continuaremos a defender a diplomacia, mesmo tomando outras medidas, se nos encontrarmos numa situação em que isso for necessário. Nunca vamos fechar a porta à diplomacia”, garantiu Malley, acrescentando que a administração de Joe Biden continua a acreditar que o problema “só pode ser resolvido diplomaticamente”.
No entanto, Malley também reiterou que ficará “cada vez mais difícil” salvar o acordo de 2015 — que visa impedir o Irão de adquirir armas nucleares, também conhecidas pela sigla em inglês JCPOA — se Teerão decidir não retomar as negociações suspensas desde junho.
O JCPOA é o Plano de Ação Conjunto Global, na sigla inglesa, e um acordo internacional acerca do programa nuclear iraniano assinado a 14 de julho de 2015 entre o Irão e a Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia (conhecido por P5+1).
Hoje, o emissário norte-americano voltou a alertar para o facto de que a “porta da diplomacia”, porém, “não vai ficar aberta para sempre”.
Malley recusou-se a definir um prazo, explicando que não se pode ter uma “contagem regressiva cronológica”, mas sim “tecnológica”: “em algum momento, o JCPOA terá esvaziado demais o seu significado, porque o Irão já terá feito um progresso irreversível” nas questões nucleares.
Em 2018, o ex-Presidente norte-americano Donald Trump formalizou a saída dos Estados Unidos do acordo, argumentando que era “insuficiente”, embora Teerão o tivesse respeitado até então.
Nesse processo, os Estados Unidos restabeleceram as sanções que esse texto tornara possível suspender e o Irão começou, em retaliação, a libertar-se cada vez mais das restrições ao seu programa nuclear.
Biden, contudo, disse que está pronto para voltar ao acordo se o Irão também retornar aos seus compromissos.
Mas as negociações indiretas iniciadas em abril em Viena estão paralisadas desde a eleição, em junho, de um novo Presidente iraniano, que permanece vago sobre as suas intenções, situação que está a despertar uma “crescente impaciência das grandes potências”, tal como considerou Malley.
“Há quem critique os Estados Unidos quando evocam um plano B. Mas o plano B que se põe diante dos nossos olhos agora parece ser o do Irão, que consiste em atrasar as negociações e acelerar o seu programa nuclear”, lamentou o emissário norte-americano.
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