Os talibãs tomaram o controlo de Cabul no domingo. Os vídeos dramáticos que se multiplicam pelas redes sociais mostram o desespero de milhares de pessoas que tentam fugir e entrar no primeiro avião, entretanto já todos cancelados. A situação está descontrolada.
A Embaixada dos EUA em Cabul reiterou hoje o aviso aos seus cidadãos e às pessoas que aguardam o repatriamento para se manterem afastadas do aeroporto, devido à insegurança, até serem chamadas para embarcarem.
As pistas de aterragem estão ocupadas pelas pessoas, que dificultam a chegada dos aviões. O objetivo é fugir do país, ainda que para isso tenham de se agarrar à estrutura dos aviões para conseguir uma possibilidade de fuga. No vídeo é possível ver alguém a cair a metros de altura do solo.
Multidões correm na rua em direção ao aeroporto de Cabul. No vídeo é, também, possível ouvir disparos e gritos de pânico.
No primeiro dia no Afeganistão sob controlo talibã desde a invasão dos Estados Unidos, em 2001, a segurança na capital afegã e na maior parte do país amanheceu nas mãos dos insurgentes, que patrulham as ruas e controlam a circulação.
“O Emirado Islâmico [como os Talibãs se autodenominam] deu ordens aos seus mujahideen e mais uma vez reitera que ninguém pode entrar em casa de ninguém sem autorização. A vida, a propriedade e a honra não serão prejudicadas”, escreveu na rede social ‘Twitter’ o porta-voz talibã, Suhail Saheen.
A chegada dos talibãs a Cabul precipitou a saída do país de Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em 10 dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio — altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar.
No entanto, os insurgentes não deram até agora informações sobre como funcionará o processo de transição ou a tomada do poder.