A Islândia lidera o ‘ranking’ dos países mais paritários pelo 12.º ano consecutivo, seguida pela Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia, indica o relatório anual do Fórum Económico Mundial, divulgado hoje.
Portugal subiu 13 lugares, classificando-se agora em 22.º posição nos 156 países analisados, depois de ter ocupado o 35.º lugar na classificação anterior.
O relatório destaca Portugal como um dos países com progressos significativos, mostrando “progresso sustentado na percentagem de mulheres no Parlamento”, que é de 40% – um aumento em relação à edição anterior, quando essa percentagem era de 35,6% -, e em cargos governativos (42,1%, quando na edição anterior se ficava pelos 29,4%).
O país é agora 26.º em matéria de emancipação das mulheres na política.
De acordo com o estudo, realizado desde 2006, o fosso entre homens e mulheres agravou-se sobretudo nesta área. Apesar de indicar progressos em mais de metade dos 156 países analisados, incluindo em Portugal, a nível mundial as mulheres ocupam apenas 26,1% dos assentos parlamentares e 22,6% dos cargos governativos.
A manter-se a trajetória atual, a paridade em cargos políticos só será atingida daqui a 145,5 anos, contra 95 anos na edição anterior, publicada no final de 2019.
Portugal também “melhorou a presença de mulheres em cargos de direção”, com 37,1% (mais 7,6% em relação ao estudo anterior).
O país é 38.º na participação económica e oportunidade (era 46.º no relatório anterior), obtendo os piores resultados no acesso à educação, onde é 76.º (baixando três posições) e saúde (73.º – era 50.º no último estudo).
A nível global, o estudo, que vai na 15.ª edição, destaca a regressão nos direitos das mulheres provocada pela crise sanitária, apontando que serão necessários 135,6 anos antes de chegar à paridade no plano económico, político e na saúde, mais 36 que antes da pandemia.
“A pandemia teve um impacto fundamental sobre a igualdade entre homens e mulheres, tanto no local de trabalho como em casa, fazendo recuar anos de progressos”, disse em comunicado Saadia Zahidi, membro do Comité Executivo do Fórum Económico Mundial.
As repercussões da crise sanitária foram mais graves para as mulheres, as mais atingidas pelo desemprego, em parte por estarem mais representadas em setores ligados ao consumo, entre os mais afetados pelas medidas de confinamento.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a perda de emprego das mulheres atingiu os 5% em 2020, contra 3,9% no caso dos homens, recorda-se no estudo.
A pandemia também agravou “de forma desproporcionada” o número de horas que as mulheres dedicam ao trabalho doméstico, em acumulação com o emprego.
A procura de novo emprego é igualmente mais lenta para as mulheres, com as hipóteses de obterem lugares de direção a reduzir-se ainda mais que antes da pandemia, segundo o estudo, que indica neste caso uma regressão de dois anos em relação aos progressos feitos até aqui.
A publicação da 15.º edição sofreu um atraso, devido à crise sanitária, com os autores do estudo a indicarem que os dados recolhidos em 2021 não refletem inteiramente o impacto da pandemia nas mulheres.
PTA // MIM