A lei “assegurará que os meios de comunicação social recebam uma remuneração justa pelo conteúdo que geram, o que ajudará a manter o jornalismo de interesse público na Austrália”, disse o ministro do Tesouro australiano, Josh Frydenberg, em comunicado.
O Governo australiano introduziu na terça-feira uma série de alterações à proposta de lei (apresentada em dezembro), uma semana depois de o Facebook ter bloqueado as notícias naquele país, em protesto contra a legislação, o que levou a novas negociações com a rede social de Mark Zuckerberg.
Na origem da lei de pagamentos por conteúdos jornalísticos esteve uma investigação da Comissão Australiana da Concorrência e do Consumidor (ACCC) que expôs o desequilíbrio entre as receitas publicitárias obtidas pelas empresas tecnológicas e pelos órgãos de comunicação social no país.
Segundo o relatório final da ACCC sobre as plataformas digitais, publicado em dezembro de 2019, estas concentravam 51% das despesas de publicidade na Austrália, em 2017.
Em maio passado, o presidente do grupo Nine Media, Peter Costello, disse que a Google e o Facebook geram receitas publicitárias de cerca de seis mil milhões de dólares australianos (3,9 mil milhões de euros), dos quais cerca de 10% provêm de conteúdos noticiosos.
A nova legislação exige que as empresas tecnológicas negoceiem com os meios de comunicação social uma contrapartida pela publicação de conteúdos jornalísticos nas suas plataformas.
As emendas introduzidas na terça-feira dão mais margem de negociação aos gigantes tecnológicos, estabelecendo como último recurso a intervenção de um painel de arbitragem para fixar o montante a ser pago, caso não seja alcançado um acordo comercial.
As plataformas vão ter dois meses para negociar acordos e evitarem a arbitragem.
A associação de imprensa Country Press Australia, que representa 161 jornais regionais, teme, no entanto, que as organizações jornalísticas mais pequenas possam ficar sem remuneração, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
Tanto a Google como o Facebook já começaram a estabelecer acordos com os maiores meios de comunicação da Austrália.
Na quarta-feira, o Facebook prometeu investir “pelo menos” mil milhões de dólares (822 milhões de euros) nos próximos três anos em conteúdos noticiosos, sem precisar de que forma serão distribuídos.
A Google já aceitou pagar “somas significativas” como contrapartida aos conteúdos do grupo de comunicação News Corp., de Rupert Murdoch.
Vários países, como o Canadá, Reino Unido, França ou Índia, mostraram interesse nesta lei, disse esta semana o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.
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