Só entre o momento em que o casal Harry e Megan Markle anunciou que se afastava dos seus deveres reais e a meia-noite desse dia 8 de janeiro de 2020 foram registados 400 tweets na categoria mais grave de abuso, que é a que contém insultos sexistas e racistas. A contabilidade foi feita por analistas de jornalismo digital da Universidade de Sunderland, num estudo para o Huffington Post – e dão, na perspetiva de John Price, especialista daquela instituição de ensino superior, uma noção bem clara dos “níveis de abuso que foram publicados”, nos dias após o anúncio.
“Cadela”, “prostituta”, “vagabunda” e “bruxa” foram outros dos muitos mimos com que Megan Markle, a californiana com que o Príncipe Harry casou, foi presenteada. “E há muitos mais tweets e post que não foram detetados na nossa análise, pela razão simples de que o racismo e a misoginia são muitas vezes expressos em termos mais subtis, não usando uma linguagem claramente abusiva”, acrescentou, revelando-se surpreendido pelos resultados. “Parece que as redes se tornaram também um paraíso para as pessoas que desejam expressar ódio contra as mulheres.”
Para chegarem a estes dados, os investigadores criaram um programa específico que usa a análise de sentimentos negativos para capturar todo e qualquer post ou tweet em que foram mencionadas variações do nome da duquesa em conjunto com uma variedade de termos misóginos e racistas, comumente usados.
Há dois anos, a mesma equipa tinha analisado o que foi dito nas redes sobre as mulheres candidatas a deputadas nas eleições de 2017. O resultado também não foi bonito: num determinado momento, Theresa May, então primeira-ministra, era alvo de um comentário abusivo a cada minuto e meio.