A FEC, em conjunto com a Fundação Gonçalo da Silveira e a Vida; a Oikos em conjunto com a Cáritas Portugal e a ADPM; a Apoiar, a Health4Moz com o Instituto Marquês de Valle Flôr e a Helpo em conjunto com a TESE foram as organizações cujos projetos garantiram o financiamento do fundo criado pelo Instuto Camões, com o apoio de várias empresas e municípios portugueses.
“Os ciclones tiveram uma dimensão catastrófica que assolaram o centro de Moçambique e a região da Beira. Dada a qualidade desses projetos tivemos que reforçar o fundo. Os cinco projetos que vão foram escolhidos vão receber 1,95 milhões de euros”, referiu esta manhã Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, durante o Seminário Anual do Instituto Camões, na Fundação Calouste Gulbenkian, que aconteceu esta quarta-feira, 8 de janeiro, em Lisboa.
Tal como a VISÃO já tinha noticiado, o Instituto Camões lançou, em agosto do ano passado, um concurso destinado a financiar projetos de Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) nas áreas nos domínios da saúde, educação e segurança alimentar como contributo para a reconstrução pós-ciclones em Moçambique. Dotado, inicialmente, de uma verba de €1,2 milhões de euros, este fundo foi, no final do ano, reforçado em €700 mil, “face à boa qualidade das propostas apresentas, e de modo a poder apoiar um maior número de projetos”, explicou à VISÃO fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Para algumas das ONGD que agora viram aprovados os seus projetos, e tal como a VISÃO tem vindo a dar conta ao longo dos últimos meses, este financiamento era fundamental para se conseguirem manter no terreno com equipas sólidas e projetos de médio ou longo prazo.
Assim, a Apoiar e a Médicos do Mundo Portugal uniram-se à Fundação Lvida e à Young Africa e vão trabalhar na promoção e construção de um espaço saudável no pós-Idai nas comunidades do corredor-Dondo-Savane, com um projeto orçado em 353,817 mil euros.
Por seu lado, o consórcio liderado pela FEC vai trabalhar com a Arquidiocese da Beira e a Direção Distrital de Educação da Beira nas áreas da educação e saúde, tendo 399,488 mil euros para gastar, por via deste fundo. Também na área da sáude, o consórcio liderado pela Health4Moz apresentou um projeto na ordem dos 322 mil euros, que prevê a reconstrução e recuperação das capacidades no Hospital da Beira.
Já a Helpo vai trabalhar com conjunto com a Direção Provincial de Saúde de Manica, o Instituto das Pequenas Missionárias da Maria Imaculada e a empresa Mozambikes para ajudar na reconstrução e reforço da resiliência nas esrtuturas de saúde e população pós-Idai, na região do Dombe. Este é o projeto com o valor mais elevado, tendo recebido do Camões I.P 463,809 mil euros.
A Oikos Portugal, a Cáritas Portugal e a ADPM vão trabalhar em Sofala e em Cabo Delgado no apoio à recuperação do setor agrícola como forma de contribuir para a segurança das populações mais afetadas pelos ciclones. Para isto contam com um apoio de 411,387 mil euros.
Todos os cinco projetos têm uma duração prevista de dois anos, segundo informação ofical libertada pelo Instituto Camões. Para este fundo contribuíram, para além do Camões, a Apifarma, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a Galp, a Mota-Engil, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o grupo Visabeira e a Liga dos Combatentes.
Numa altura em que passou já praticamente um ano desde que o Idai destruiu quase na totalidade a região da Beira, os números que têm sido avançados pelas organizações humanitárias que se mantêm com missões em Moçambique teimam em não melhorar: as necessidades nas áreas, precisamente, da saúde, da educação e da segurança alimentar são apontadas como prioritárias e recebem agora um reforço significativo por parte de Portugal. Ainda assim, as autoridades estimam que seja preciso muito mais para se conseguir recuperar tudo o que foi perdido nos ciclones Idai e Kenneth, que em março e abril assolaram o território daquela antiga colónia portuguesa, respetivamente.
Artigo atualizado às 13h27 com informação detalhada sobre cada projeto