Aysha Renna, de 22 anos, está a ser elogiada pela coragem que a levou, juntamente com outras jovens, a impedir a violência da polícia indiana contra Shaheen Abdullah, jovem muçulmano de 24 anos, que se manisfestava contra a nova lei de cidadania, junto à Universidade de Millia Islamia, em Nova Deli.
No vídeo, é possível ver os agentes da polícia a agredirem com paus e bastões o jovem muçulmano caído no chão. Renna e outras três jovens formam uma barreira sobre o corpo de Shaheen Abdullah para impedirem a violência. “Só queríamos salvar o rapaz”, diz uma das jovens em declraçaões à CNN.
Na semana passada, o governo indiano aprovou uma lei que abre portas a grupos de imigrantes de seis minorias religiosas do Paquistão, Afeganistão e Bangladesh, como hindus e cristãos. Estes grupos vão poder requisitar a nacionalidade indiana para se tornarem cidadãos de pleno direito por serem considerados vítimas de perseguição nos seus países de origem.
Da nova lei estão excluídos os membros das minorias religiosas muçulmanas como os ahmadis no Paquistão ou os rohingyas na Birmânia. O primeiro-ministro justifica que esses grupos não estão incluídos na nova lei porque não representam minorias nos países vizinhos. Estas declarações têm levantado preocupações sobre a constitucionalidade do projeto e a crescente retórica antimuçulmana na Índia.
Desde que a lei foi promulgada pelo primeiro-ministro nacionalista hindu, Marendra Modi, que milhares de pesssoas protestam nas ruas e universidades de nove estados indianos, incluindo a capital Nova Delí. Até agora os protestos já registaram 6 mortos e mais de 100 feridos. Modi, já veio apelar esta segunda feira à “paz, unidade e irmandade”, mas as manifestações continuam um pouco por todo o país.
Cerca de 200 milhões de muçulmanos que vivem atualmente na Índia veem a sua própria cidadania posta em causa e acreditam que a nova lei surgiu na sequência da promessa lançada pelo Ministro do Interior, Amit Shah, de implementar um sistema de registo nacional de cidadãos – um processo através do qual cada cidadão terá que fonecer ao governo documentos que provem a sua condição legal para viver no país. O governo indianao insiste que a política se destina apenas a erradicar imigrantes ilegais.
Até agora, este sistema só foi implementado em Assam, um estado indiano na fronteira com o Bangladesh, onde desde o início do ano cerca de 1,9 milhões de pessoas já foram excluídas da lista – a sua maioria muçulmanas e, por isso, não abrangidas pela nova lei. Os cidadãos deste estado também já saíram à rua para se manifestarem, embora por razões diferentes – receiam ser invadidos por emigrantes não-muçulmanos do vizinho Bangladesh.
Os críticos apontam que a nova lei de cidadania, em conjunto com o sistema de registo de cidadão em Assam, pode transformar o país num regime maioritário com diferentes graus para os direitos dos cidadãos.