São 72 os métodos de tortura identificados pela Rede Síria para os Direitos Humanos (Syrian Network for Human Rights, SNHR) e divulgados no seu mais recente relatório. Crucificar (amarrar e pendurar os prisioneiros ao teto antes de serem espancados), arrancar os olhos, deitar água a ferver no abdómen e nas costas da vítima, afogando-as e sufocando-as, bater com um bastão elétrico no estômago ou nos órgãos genitais do detido, despir e abusar sexualmente de homens e mulheres, bem como obrigá-los a violarem-se uns aos outros, esmagar cabeças, partir dentes, arrancar unhas e pulverizar crianças com inseticida são alguns dos piores exemplos descritos.
Se o objetivo das tropas do regime liderado por Bashar al-Assad era garantir a máxima agonia até à morte, a missão foi cumprida. Os números não deixam margem para dúvidas: pelo menos 14 298 pessoas morreram, entre março de 2011 e setembro deste ano, como resultado da tortura no conflito na Síria; 14 131, incluindo 173 crianças e 45 mulheres, morreram nas prisões do governo.
O documento de 25 páginas da SNHR afirma que a tortura brutal sistemática e generalizada nos centros de detenção do regime sírio e nos “hospitais” administrados por militares constitui um “crime de extermínio”. Grupos extremistas do Estado Islâmico mataram 57 pessoas por tortura, enquanto fações da oposição armada mataram mais 43, segundo o relatório. As Forças Democráticas da Síria (SDF) mataram 47, enquanto estavam sob custódia e outras 20 foram mortas por partidos que a ONG não conseguiu identificar.
O relatório explica também o fenómeno da “separação” amplamente observado entre os detidos nas prisões do regime, em que alguns presos (devido às terríveis condições de detenção, espancamentos, tortura, humilhação, privação de sono, comida e água) atingem um estado de delírio intenso, seguido de amnésia ou perda de memória. Começam a alucinar e veem objetos ou pessoas que não estão presentes, antes de terem ataques histéricos de choro. Os detidos, geralmente, perdem o controlo das suas faculdades mentais e físicas, entrando depois em coma – cerca de 8% dos detidos sucumbem à tortura.