“Acredito que nos próximos três a cinco dias todas as pessoas que ainda estão em zonas de risco possam estar seguras”, referiu o elemento das equipas que participam nas operações lideradas pelo Governo moçambicano.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) anunciou hoje que há 347.000 pessoas em risco, 200.000 das quais no distrito de Buzi.
Aquele distrito “está totalmente inundado”, como muitos casos de pessoas “nos telhados das casas e nas infraestruturas acima da água”, referiu Cláudio Julaia.
Há grupos que chegam a juntar centenas de pessoas, segundo fotos divulgadas pelas Nações Unidas, que ocupam ilhas formadas na inundação e o cimo de casas, assim como grupos mais reduzidos e algumas pessoas sozinhas que sobrevivem em cima de árvores.
Em todos os casos, são pessoas “que estão lá há muito tempo e precisam de abrigo e assistência humanitária”, referiu, nomeadamente alimentação e água – sendo que algumas destas estarão especialmente debilitadas.
Os meios no terreno mantêm como prioridade “continuar com as operações de busca e resgate”, porque “ainda há muitas populações sitiadas nas províncias de Sofala e Manica”, referiu, acrescentando que “há muitas zonas inundadas e sem acesso”.
“Neste momento, o Governo está a liderar a operação de resgate com meios aéreos e marítimos para remover esta população para zonas seguras”, destacou.
O INGC refere que desde que o ciclone Idai se abateu sobre o centro de Moçambique, na quinta-feira, registaram-se 202 mortos e 1.416 feridos.
Aquela entidade refere ainda que 40.000 pessoas já foram salvas.
Estão no terreno 120 especialistas de busca e resgate, 11 helicópteros, 15 barcos, dois aviões, duas fragatas, oito camiões e 30 telefones satélite.
Há 96 centros de acomodação ativados com 36.000 pessoas.
As condições meteorológicas “vão melhorar a partir de quinta-feira”, referiu Cláudio Julaia, com um abrandamento da chuva na região.
O especialista do sistema das Nações Unidas classifica a situação como “a maior emergência em Moçambique, em termos de desastres naturais”, em linha com a avaliação já feita pela ONU, superando as cheias de 2000 em que morreram 800 pessoas.
“Pela magnitude, estamos num nível de emergência muito alto e precisamos de muitos recursos”, concluiu.
O Conselho de Ministros decretou na terça-feira o estado de emergência nacional e três dias de luto nacional, até sexta-feira.
com Lusa