Free Hess, a médica que contou toda a história ao The Washington Post, assume que a primeira vez que viu algo do género foi no verão passado. “Fiquei completamente chocada”, disse, relatando que as cenas são divididas por vários vídeos, apresentados durante o popular jogo Nintendo Splatoon, e pelo YouTube Kids, o canal propositadamente criado para os mais novos. Desde então, Hess, que vive em Ocala, na Flórida, tem feito vários posts no seu blog sobre este assunto, de forma a dar a conhecer a tática aos pais e especialistas em saúde infantil.
Os vídeos de que fala mostram um homem a aparecer no ecrã e a dizer: “Lembrem-se, crianças”, começa ele, a segurar o que parece ser uma lâmina imaginária junto ao lado interior do braço, antes de explicar como fazer o corte se “é só para chamar a atenção” ou se for “para obter resultados”.
“Tudo isto é muito perigoso”, disse Hess, “os nossos filhos estão a conhecer um mundo totalmente novo, que está a influenciar a forma como eles crescem e a maneira como se desenvolvem. E vídeos como este, obviamente, que os colocam muito em risco”.
Após a denúncia, o vídeo em questão desapareceu imediatamente, mas ao saberem do caso, muitas outras mães passaram a prestar atenção ao que os filhos viam no Youtube e acabaram por descobrir uma dezena de vídeos que seguiam a mesma fórmula: ao fim de cinco minutos de reprodução, há uma interrupção e aparece alguém a ensinar os mais novos a cometer suicídio.
À denúncia, seguiu-se a retirada dos vídeos. Mas, como diz Nadine Kaslow, ex-presidente da Associação de Psicólogos dos Estados Unidos e professora de psicologia na Escola de Medicina da Universidade Emory, isso não é suficiente da parte do YouTube, já que isso não irá ajudar as crianças que já foram expostas a esses conteúdos – e que é preciso encontrar uma forma de lhes explicar que aquilo que viram não é correto, não só para prevenir que cometam um suicídio não intencional como também para impedir que elas decidam testar os métodos aprendidos com outras crianças.
Em nota oficial sobre o caso, o YouTube defende-se afirmando que se esforça para que todos os vídeos disponíveis no YouTube Kids possam ser assistidos por toda a família, que está sempre a rever as denúncias que recebe e que está a desenvolver novas ferramentas para que os pais possam ter um controle ainda maior sobre os conteúdos que os filhos podem ver.