Com uma área de 21 quilómetros quadrados e cerca de 13 mil habitantes, a ilha de Nauru, na Oceania, tem um acordo com a Austrália: Recebe um centro de detenção de refugiados, onde ficam os migrantes que tentam entrar ilegalmente no país, a troco de apoio do governo.
Segundo números da Austrália, divulgados em julho, estão retidos na ilha cerca de 200 homens e mulheres e uma dúzia de crianças, mas as contas dos Médicos Sem Fronteiras são diferentes e apontam para 900 pessoas, incluindo cerca de 100 crianças.
Na semana passada, depois de o governo de Nauru ter ordenado que saísse da ilha, interrompendo a prestação dos cuidados de saúde mental, a organização denunciou uma situação humanitária “devastadora”.
Agora, uma médica australiana responsável pela saúde dos requerentes de asilo na remota ilha do Pacífico, abandonou também o país e, segundo relata a CNN, multiplicam-se as vozes que garantem que Nicole Montana foi expulsa.
Segundo as Nações Unidas, há quem viva no campo de Nauru, a mais de 4500 quilómetros da Austrália, há já quatro anos e a as tentativas de suicídio têm sido frequentes, incluindo por parte das crianças.
A médica abandonou a ilha na quarta-feira e, de acordo com o seu empregador, a International Health and Medical Services, foi dispensada “por violar as regras do Centro de Processamento Regional”. Os meios de comunicação australianos dizem que a deportação de Montana provocou uma onda de indignação entre a comunidade médica do país.
“Enquanto médicos, não podemos aceitar que os cuidados recebidos pelos refugiados e requerentes de asilo seja´m tudo menos aceitáveis”, lamentou o presidente do Royal Australian College of General Practitioners (a maior organização de médicos de clínica geral da Austrália), Harry Nespolon.
Nauru nega ter dado qualquer ordem à profissional para abandonar a ilha, dizendo que foi apenas interrogada pela polícia por ter tirado uma foto sem autorização a uma criança.
“A médica tem um visto válido e direito a exercer medicina na ilha e será bem-vinda de volta uma vez que os seus serviços são necessários”, diz o executivo de Nauru em comunicado, ao mesmo tempo que acusa os media australianos de interpretarem mal a situação.