Primeiro, apresentem-se dois dos doentes: Nancy Botby, 56 anos, diagnosticada com doença renal poliquística e em risco de falha renal e de ter de fazer diálise se não recebesse um transplante, e David Labocki, 43 anos, que começou a rejeitar um rim que tinha recebido sete anos antes.
Nenhum dos dois norte-americanos do Ohio encontrou um doador compatível dentro do seu círculo de familiares e amigos, incluindo os cônjuges, respetivamente Gregg e Danae.
Mas os médicos da Clínica de Cleveland estavam a trabalhar numa alternativa pouco comum e que tinha por base a existência de uma doadora anónima que queria doar um rim a uma amiga que também precisava de um transplante. Esta doadora era compatível também com David, mas se o rim fosse para ele, ficava a faltar o rim da amiga…
Foi neste ponto que Nancy e Gregg, a mulher e o marido dos doentes, receberam a proposta invulgar: Nancy receberia um rim de Danae, com quem era compatível, e Gregg doaria um rim à amiga da doadora anómina, que, por seu lado, doaria a David. Ou seja, os três necessitados de um transplante teriam o rim que precisavam, mas de quem não esperavam.
Alvin Wee, diretor cirúrgico do Programa de Transplantação Renal da Clínica de Cleveland foi um dos três cirurgiões envolvidos no triplo transplante, o primeiro realizado naquela unidade e muito raro no mundo.
“O primeiro problema é a logística. Todos os seis elementos têm de concordar com a cirurgia do mesmo dia ou em poucos dias”, explicou ao Daily Mail Online, para diminuir o risco de algum dos intervenientes mudar de ideias.
As intervenções decorreram entre 30 de abril e 2 de maio e tudo correu de acordo com o planeado, à exceção do transplante da amiga da doadora anónima, que entretanto melhorou e está agora inscrita noutro programa de doação para quando precisar, enquanto o rim de Gregg foi entregue a outro doente fora da clínica.