É uma nova forma de consumo de droga, a que deram o nome de “bluetoothing”: neste processo, alguém que tenha acabado de consumir um cocktail de droga muito forte retira, logo a seguir, algum do seu sangue e injeta-o nas veias de outra pessoa, para, assim, os dois poderem sentir os efeitos. Este sangue com droga pode ser apenas partilhado, mas também é vendido.
John Sparks, correspondente da Sky News em África, acompanhou alguns destes toxicodependentes e testemunhou esta nova prática de consumo de nyaope, um cocktail altamente viciante que mistura heroína – o consituinte principal – veneno de rato, medicamentos anti-retrovirais e vidro esmagado, por exemplo. Tem um efeito quase instantâneo, o que faz com que seja muito procurado, principalmente nos locais mais pobres da África do Sul, onde já era muito utilizado.
Mary Mashapa, assistente social do Conselho Nacional de Alcoolismo e Dependência de Drogas que foi destacada para dar apoio às pessoas deste local, em Diepsloot , nos subúrbios de Joanesburgo, diz que uma em cada cinco pessoas desta pequena comunidade consomem nyaope. A assistente social afirma ainda que estes toxicodependentes são capazes de fazer qualquer coisa para terem acesso esta droga, por ser altamente viciante. Jesus, um dos moradores da comunidade, diz que, apesar da droga ser muito potente, o seu efeito não fica muito tempo no organismo. “Às vezes menos de uma hora”, conta, à Sky News.
Há quem diga que esta nova prática não tem efeito nenhum. Shaun Shelly, investigador sul africano do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Universidade da Cidade do Cabo, diz que esta droga, depois de se espalhar na corrente sanguíne, perde a potência e sua capacidade de criar qualquer efeito depois de re-injetada.
As preocupações, no entanto, são óbvias: “Trocar sangue assim, sem se saber se a pessoa tem alguma doença, não é seguro, simplesmente”, afirma Mary Mashapa.