O percurso de Nomzamo Winifred Zanyiwe Madizikela, conhecida como Winnie, é indissociável do de Nelson Mandela, com quem esteve casada 38 anos, entre os quais os 27 que ele passou na prisão.
A imagem dos dois, caminhando de mãos dadas no dia da libertação do herói sul-africano em 1990, correu mundo, mas o casal não voltou a estar junto e acabou por se divorciar em 1996, no final de um longo processo de revelação de infidelidades de Winnie.
Nascida a 26 de setembro de 1936 na província do Cabo Oriental (sul), obteve aos 19 anos um diploma como assistente social, uma exceção para uma mulher negra na altura.
Casou-se com Nelson Mandela em junho de 1958, ela com 21 anos, ele um divorciado e pai de família com quase 40.
Com a prisão do marido, assume a liderança da luta ao ‘apartheid’ e do Congresso Nacional Africano (ANC), mas divide pelo estilo autoritário, com membros do partido a acusarem-na de tortura e incitamento ao ódio.
Em 1991 é julgada e condenada a seis anos de prisão, posteriormente comutados numa multa, pelo rapto de um jovem militante, Stompie Seipei.
Em 1998, a Comissão de Verdade e Reconciliação, encarregada de julgar os crimes políticos no ‘apartheid’, considerou Winnie “politicamente e moralmente culpada de enormes violações dos direitos humanos”.
“É com grande tristeza que informamos o público de que a senhora Winnie Madikizela Mandela morreu no hospital de Milkpark de Joanesburgo segunda-feira 2 de abril”, anunciou o porta-voz, Victor Dlamini, num comunicado.
“Morreu após uma longa doença, pela qual foi hospitalizada várias vezes desde o princípio do ano. Morreu pacificamente às primeiras horas da tarde de segunda-feira, rodeada da família e dos entes queridos”, acrescentou o porta-voz.
“Lutou corajosamente contra o ‘apartheid’ e sacrificou a sua vida pela liberdade do país. Manteve viva a memória do marido, Nelson Mandela, enquanto esteve preso em Robben Island e ajudou a dar à luta pela justiça na África do Sul uma das suas faces mais reconhecíveis”, lê-se ainda no comunicado
com Lusa