O Governo espanhol ordenou esta sexta-feira a destituição do presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, o vice-presidente, Oriol Junqueras, e todos os ‘consellers’ (ministros regionais) da Generalitat, medidas ao abrigo da aplicação do artigo 155º da Constituição.
Os deputados independentistas do parlamento regional da Catalunha aprovaram hoje a independência da região com 70 votos a favor, 10 contra e dois em branco, com os partidos catalães que se opõem à independência a abandonarem a sala do plenário antes da votação.
Pouco depois, o senado de Espanha aprovou por maioria absoluta autorizar o governo a aplicar o artigo 155º da Constituição, que suspende a autonomia da Catalunha e implica a destituição de todos os membros do Governo da Catalunha, a limitação das competências do parlamento regional e a marcação de eleições num prazo de seis meses.
Puigdemont pede “paz, civismo e dignidade” aos catalães
Na primeira intervenção pública após a votação, Puigdemont falou aos milhares de catalães que acompanharam a votação no parque da Ciudadela, em Barcelona, para insistir na legitimidade do processo separatista.
“Como sempre foi e sempre será”, são as instituições e os cidadãos que, “em conjunto, de forma inseparável, constroem o povo e a sociedade”, disse.
“Nos dias que se seguem, temos de manter os nossos valores de pacifismo e dignidade. Está nas nossas, nas vossas mãos, construir a república”, afirmou.
Carles Puigdemont disse ainda que, com a votação de hoje, o parlamento regional “cumpriu um passo há muito desejado” e “culminou o mandato das urnas”, referindo-se ao referendo sobre a independência de 1 de outubro.
No mesmo tom, o “número dois” do governo regional, Oriol Junqueras, pediu “responsabilidade, humildade e generosidade” aos cidadãos “da república” que hoje “transbordam de alegria” e “confiança” àqueles que possam ter “alguma razão para inquietude ou preocupação”.
“Atuamos de boa-fé, com respeito e estima”, disse Junqueras, que falava lado a lado com Puigdemont.
PR critica declaração de independência da Catalunha e defende respeito pela unidade de Espanha
O Presidente da República criticou hoje a declaração unilateral de independência da Catalunha, considerando que desrespeita a Constituição espanhola e não contribui para salvaguardar o Estado de direito democrático e defendeu o respeito pela unidade de Espanha.
Esta posição de Marcelo Rebelo de Sousa foi transmitida numa nota divulgada pela Presidência da República aos jornalistas que acompanham a sua deslocação aos Açores.
“O Presidente da República, tal como o Governo, reafirma o respeito pela unidade do Estado espanhol, incompatível com o reconhecimento da invocada declaração unilateral de independência da Catalunha, que, além de não respeitar a Constituição [espanhola], não contribui para a salvaguarda do Estado de direito democrático e o regular funcionamento das instituições”, lê-se no documento.
com Lusa