Os mossos (polícia catalã), alertando para a desinformação nas redes sociais sobre o atentado das Ramblas, fizeram vários apelos para que quem procurasse dados se limitasse a procurá-la junto de fontes oficiais.
Aqui fica uma cronologia dos acontecimentos que fizeram 13 mortos e mais de 100 feridos, entre os quais de uma portuguesa de 74 anos.
QUARTA FEIRA, 16
23h17 Uma explosão no interior de uma casa em Alcanar, a 200 quilómetros de Barcelona, faz um morto e sete feridos. Crê-se inicialmente que se trata da explosão de botijas de gás. Mais tarde, perceber-se-ia a ligação desta explosão ao atentado das Ramblas, Barcelona, que causou 13 mortos. Os ocupantes da casa de Alcanar estariam a manejar explosivos que pretenderiam utilizar em atentados posteriores.
Alcanar seria o palco, muitas horas depois, da primeira detenção.
QUINTA FEIRA, 17
16h50 (15h50 em Lisboa). Uma carrinha sai da Praça da Catalunha em direção ao mar, galga o passeio e, circulando ao longo de 530 metros no meio da zona pedonal das Ramblas, atropela dezenas de pessoas.
A meio da Rambla, perto do Teatro del Liceo, o condutor abandona a carrinha e continua a pé. Toda a zona é evacuada. A polícia lança o alerta: o condutor tem cerca de 1,70 metro e veste uma camisa branca com riscas azuis. Começa a caça ao homem.
17h47 O Comissário do Interior da Catalunha, Ferran Lopez, faz o primeiro balanço – 1 vítima mortal e 32 feridos, “alguns deles graves” – e anuncia que os números são provisórios e vão certamente aumentar. Menos de uma hora depois, Ferran Lopez já confirma 13 mortos e mais de 50 feridos.
18h25 A Casa Real espanhola condena o atentado. No Twitter, lançam a seguinte mensagem: “São uns assassinos, simplesmente uns criminosos que não nos vão aterrorizar. Toda a Espanha é Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos.”
18h56 Mariano Rajoy a caminho de Barcelona, condena os atentados e garante: “Máxima coordenação para deter os autores, reforçar a segurança e atender a todos os afetados.”
19h22 Através da agência Amaq (que difunde notícias sobre o grupo terrorista), o Estado Islâmico reivindica a autoria do atentado: “Os executantes do ataque de Barcelona são soldados do Estado Islâmico e levaram a cabo a operação sob o comando do califado para atingir os Estados da coligação”.
19h24 Um carro atropela dois agentes num controlo policial e põe-se em fuga. É encontrado em Sant Just Desvern, com o condutor, de nacionalidade espanhola, morto, com ferimentos de arma branca. O incidente ainda não foi relacionado aos atentados.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, em declarações à Agência Lusa, informa que os serviços consulares em Barcelona estão em contacto com as autoridades espanholas. Na quinta feira, ainda não havia informação sobre eventuais vítimas portuguesas.
SEXTA FEIRA, 18
1h30 Cinco terroristas são abatidos pela polícia, no passeio marítimo de Cambrils, Tarragona. Traziam vestidos cintos de explosivos (falsos, de acordo com a polícia) e pretendiam levar a cabo outro atropelamento massivo. Além deles, a operação fez cinco feridos e uma vítima mortal, na sequência de ferimentos.
11h O rei e o primeiro ministro de Espanha encontram-se na Praça da Catalunha, em Barcelona, onde se associam ao minuto de silêncio pelas vítimas do atentado do dia anterior. No final, os participantes, aplaudindo, gritavam “Não tenho medo! Não tenho medo!”
11h57 A informação é avançada à Lusa pelo secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro: há uma septuagenária portuguesa entre as vítimas mortais; outra portuguesa, de 20 anos, encontra-se desaparecida.
14h52 Rukmini Callimachi, a jornalista do New York Times responsável por acompanhar assuntos relacionados com o Estado Islâmico, escreve no Twitter que, de acordo com a empresa de aluguer de viaturas, os terroristas tentaram alugar um camião de maior porte. Por não terem carta de pesados, terão sido obrigados a alugar duas carrinhas mais pequenas.
Callimachi garante que os terroristas teriam três planos preparados: o plano A previa que um camião fosse carregado de explosivos, provocando uma grande explosão enquanto estivesse em andamento. Esta hipótese terá sido abortada depois de não lhe ter sido possível alugar o camião. O plano B era semelhante, mas em vez do camião, seria levado a cabo por duas carrinhas mais pequenas. A ideia foi posta de parte após a explosão em Alcanar. Restou o plano C: atropelamento massivo – primeiro nas Ramblas, depois no passeio marítimo de Cambrils.
E, citando Lorenzo Vidino, diretor do Progama sobre Extremismo do Centro de Segurança Interna e Cibernética da Universidade George Washington, Callimachi explica ainda que Cambrils fica a sete quilómetros de Salou, localidade onde Mohamed Atta (o piloto do primeiro avião a despenhar-se contra as torres gémeas) teve um encontro chave com uma figura proeminente da al-Qaeda, antes do 11 de setembro.
Ao início da tarde, o chefe da polícia catalã, Josep Lluís Trapero, viria confirmar a tese de haver mais do que uma carrinha: uma foi utilizada nas Ramblas, outra localizada horas depois, en Vic, Barcelona, e uma terceira estaria em Cambrils. Trapero confirmaria também a existência de vários planos: “A explosão de Alcanar [na noite de quarta feira] fez com que não tivessem o material necessário para preparar atentados de maior alcance em Barcelona. Provavelmente estavam à procura de outro tipo de atentado”. Há vários meses, disse, que a célula composta por “gente jovem” preparava a operação.
16h15 O jornal espanhol El Mundo noticia que são procurados quatro suspeitos. Têm entre 17 e 24 anos e vivem todos em Ripoll:
Moussa Oukabir, nascido en Ripoll a 13 de novembre de 1999, irmão de um dos quatro detidos, tem nacionalidade marroquina e vive com os seus pais em Ripoll, Girona. Nenhum (pais e filho) tem antecedentes criminais. Os investigadores acreditam que terá sido ele o condutor da carrinha das Ramblas. Said Aalla, nacido a 25 de agosto de 1998 en Naour (Marrocos); Mohamed Hycham, nascido em janeiro de 1993, también em Marruecos (Mrirt) e Younes Abouyaaqoub, nascido a 1 de janeiro de 1995 também en Mrirt (Maruecos). Tinham todos residência em Ripoll.
A essa hora, contavam-se quatro detidos relacionados com o atentado: três marroquinos e um espanhol. Têm 22, 28, 34 e 27 anos. Um deles é Driss Oukabir, marroquino de 28 anos a residir em Espanha, detido em Ripoll e que já havia estado preso, em 2012. De acordo com o El Pais, está sob investigação uma célula formada por 12 terroristas. O condutor da carrinha das Ramblas não se encontra identificado. Fontes policiais contactadas pelo El Pais indicam que o condutor da carrinha das Ramblas terá sido um dos cinco abatidos em Cambrils. Num primeiro momento, apontava-se o nome de Moussa Oukabir, irmão (menor) de um dos detidos, como autor do atentado nas Ramblas.