Desde 1980 tem-se registado um aumento global de risco de doenças e mortes relacionadas com ondas de calor, provocadas pelas mudanças climáticas. Atualmente, um terço da população é afetada frequentemente por períodos de calor extremo que podem ser mortais e, mesmo que a emissão de gases com efeito estufa diminua, estima-se que os números aumentem significativamente.
São dados de um estudo da Universidade do Havai, nos EUA, que analisou 1.900 casos de ondas de calor registadas durante quatro décadas, em mais de trinta países. O número de casos ocorridos deixou os investigadores alarmados, porque os resultados apontam para que, até 2100, metade da população (48%) seja afetada por este problema.
“Foi um choque encontrar tantos casos. Tínhamos estudado algumas ondas de calor que atingiram a Europa em 2003, mas encontrar tantos registos de pessoas que morreram devido às altas temperaturas foi incrível”, revela Camilo Mora, geógrafo e um dos autores do estudo, ao jornal El País.
A investigação, publicada na revista científica Nature Climate Change, analisou as condições climáticas que podem provocar ondas de calor mortais, como a que ocorreu em 2003 que, de acordo com um outro estudo, causou cerca de 70 mil mortes em 16 países da Europa. Os resultados apontaram para uma combinação de temperaturas elevadas e muita humidade como principal causa.
Os investigadores realçam que as medidas de intervenção, como alertas das autoridades governamentais e o aumento do uso de ar condicionado, não são suficientes e que é necessário pensar em medidas a longo prazo: “Temos de consumir menos, emitir menos gases com efeito estufa e plantar mais árvores para ‘refrescar’ as cidades.”