A procuradoria de Paris informou esta manhã ter detido para interrogatório três familiares do atacante que na quinta-feira matou um polícia na avenida dos Campos Elísios, na capital francesa, e foi abatido pelas forças de segurança.
A procuradoria sublinhou que é rotina, em casos como o de quinta-feira, a interrogação de familiares dos suspeitos, para os investigadores determinarem se o atacante agiu sozinho, onde obteve as armas, e outros pormenores.
Um polícia foi morto e dois ficaram gravemente feridos na quinta-feira à noite, quando um homem disparou contra o veículo em que seguiam na avenida dos Campos Elísios, no centro de Paris.
O atacante foi morto por outros agentes da polícia francesa e um transeunte foi também atingido.
“O agressor chegou de carro, saiu. Abriu fogo contra o carro da polícia com uma arma automática, matou um dos polícias”, disse fonte policial citada pela AFP.
Uma turista ficou “ligeiramente ferida por bala” durante a troca de tiros, acrescentou outra fonte policial.
Suspeito entregou-se, mas estará inocente
As autoridades belgas esclareceram hoje que o homem belga implicado por suspeitas de ligação ao tiroteio desta quinta-feira à noite em Paris e que, entretanto, se entregou não está relacionado com o atentado nos Campos Elísios.
“Esse homem veio à polícia ontem à noite depois de se ver aparecer nas redes sociais como o principal suspeito relacionado com os factos de ontem”, informou um procurador belga na cidade de Antuérpia, citado pela agência Associated Press, que recusou ser identificado.
O mesmo responsável deixou claro que o homem “não faz parte de uma investigação de terrorismo”.
O próprio ministro belga da Justiça, Koen Geens, afirmou esta manhã ao canal belga de televisão VRT que, no momento das suas declarações, não havia “qualquer informação” sobre a ligação entre os dois casos.
Esta manhã, o porta-voz do Ministério francês do Interior, Pierre-Henry Brandet, citado pela emissora “France Info”, disse que um suspeito tinha sido sinalizado pelos serviços secretos belgas às autoridades francesas depois do ataque de quinta-feira, em que um polícia foi morto e dois ficaram feridos antes de o autor dos disparos ser abatido pelas forças de segurança.
Brandet sublinhou também ser “demasiado cedo” para dizer se esse homem estaria “muito ou pouco” ligado aos acontecimentos nos Campos Elísios, acrescentando haver ainda “um conjunto de informações a verificar”, sendo que a investigação francesa não se permitia “fechar qualquer porta”.
No mesmo sentido, um porta-voz do Ministério Público belga disse à AFP que “a única coisa” que podia dizer à hora em que foi interrogado, “9:15 desta manhã”, é que não havia “ligação entre esse acontecimento [o tiroteio em Paris] e a Bélgica”, ainda que “o inquérito [belga] prossiga em estreita colaboração com os investigadores franceses”.
Polícias fora de perigo
“Os dois polícias estão fora de perigo”, anunciou esta manhã o porta-voz da polícia Nacional, Jérôme Bonet.Bonet numa entrevista ao canal de televisão BFMTV, indicando que na noite de quinta-feira tiveram receio por um deles, o que ficou ferido com mais gravidade.
O porta-voz disse ainda que “todos estão tristes” pela morte do agente, mas “ao mesmo tempo a determinação é total” para enfrentar a ameaça terrorista.
Sobre o autor do atentado, de nacionalidade francesa e 39 anos, Bonet disse apenas que tinha antecedentes criminais graves.
O ataque ocorre a três dias da primeira volta das eleições presidenciais em França, em que a segurança é um dos temas em destaque, após vários ataques terroristas no país nos últimos anos.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou já o ataque, através de um comunicado divulgado pelo órgão de propaganda do EI, a Amaq.
“O autor do ataque nos Campos Elísios, no centro de Paris, é Abu Yussef, ‘o Belga’, e é um dos combatentes do Estado Islâmico”, relatou a Amaq.
As autoridades francesas afirmaram que o autor do ataque estava identificado como extremista por ter manifestado a intenção de matar polícias, segundo fontes próximas do inquérito, citadas pela AFP.
Segurança reforçada
O Presidente francês, François Hollande, que convocou um Conselho de Segurança para a manhã desta sexta-feira, afirmou que o caso está a ser investigado pela secção antiterrorista da procuradoria de Paris e que as pistas que poderão conduzir a investigação “são de ordem terrorista”.
No final da reunião do Conselho de Defesa, o primeiro-ministro, Bernard Cazeneuve, anunciou o reforço da segurança, explicando que vão ser mobilizadas “unidades especializadas de intervenção para garantir uma capacidade de resposta total” .
O chefe de governo disse ainda esperar que com a presença efetiva de 50 mil polícias, gendarmes e militares no próximo domingo junto das assembleias de voto, a eleição decorra com “normalidade”.
com Lusa